Passam hoje 12 anos sobre o dia em que Miguel Torga nos deixou. Uns meses antes, em 1993, a 10 de Dezembro, escreveu um Requiem:
REQUIEM POR MIMescrito por ai.valhamedeus
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
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Permitam-me também homenagear Torga, deixando aqui um dos mais belos e ternurentos poemas do poeta.
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Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Tb o acho delicioso. Aliás, o próprio título está muito bem encontrado (digo eu): SEGREDO.
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