Para não esquecer...

SIM, NÃO se confundam

Como se esperava, o SIM ganhou; mas não tanto quanto gostariam os que votaram e só lhe deram 60%; nem tanto quanto os do NÃO dizem que devia ter ganho para ganhar. Já se sabia que uma vitória só seria válida com 120%. E mesmo assim só seria vitória para aqueles que têm uma cabeça em forma de bola de futebol.

Olhando superficialmente os resultados

[com olhos de sono, reconheço]
de uma região que conheço bem, confirmei o que já suspeitava: o NÃO ganhou nas freguesias mais pequenas onde a pressão social e religiosa são mais fortes
[será que os srs. Padres e os senhores de certos partidos são mesmo os donos das entre-pernas femininas dessas freguesias?].
Ou seja, o NÃO ganhou nas freguesias onde frequentemente se fazem desmanchos
[nessas freguesias nunca se fazem abortos]
mas onde é proibido falar nisso e onde as que os fazem
[grávidas e fazedoras de anjinhos]
se persignavam para chamar putas às que apareciam na televisão a defender o SIM.

Mais claro que isso só mesmo a saborosa história a que assisti na praia do Baleal
[hoje essa praia já deve vir nos mapas]:
uma manhã de Verão ouvi os comentários furibundos de um grupo de mulheres que acabava de expulsar da praia umas «putas desavergonhadas de Lisboa» que tiveram o descaramento de tomar banho em... fato de banho
[tanga, fio dental? Não seja parvo! Um fatinho de uma peça que deixavava ver só os braços e as pernas].
Essas mulheres, camponesas e fiéis esposas de pescadores, riam e gozavam a sua vitória metidas na água morna dessa magnífica praia, vestidas dos pés à cabeça com... uma camisa de dormir
[não tinham cuecas nem sutiãs. Adivinhem como é que descobri isso!].
Nesse momento foi um banquete para as minhas hormonas adolescentes. Depois foi o descobrir em milhares de ocasiões que as despudoradas do Baleal estão por todo o lado, desde as igrejas até às campanhas contra o aborto. Essas santas envernizadas onde quase se pode adivinhar o fiozinho de sangue que ainda lhes escorre pelas pernas... votaram NÃO.

escrito por J. Alberto, Porto Rico

0 comentário(s). Ler/reagir: