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HOMENAGEM A ZECA AFONSO
Um frémito paira na sala
O coração estremece
E antes que a voz comece
Solta,
Límpida,
Clara,
A multidão desfalece.
Desfalece de emoção,
Exaltação,
Recordação.
O corpo ondula a compasso
Vozes brotam a espaço.
Tímidas,
Trémulas,
Inseguras,
A coberto do escuro.
E logo, num sobressalto,
Esvaem-se num sussurro.
Mudas,
P’ra não espantar a magia.
Magia de caras várias,
Mundo frágil,
Incoerente,
Estranho
De muita gente.
Ó Poeta coerente
Bem-hajas por Tu
Seres Tu!
Deste outro sentido ao mundo.
Fizeste da realidade sonho!
[Abril 94]
30 ANOS DEPOIS
Ai, Abril
Que te quero Abril,
Abril da minha Saudade.
Dêem-me outra vez Abril
Que me sinto sufocar.
Que, tímido venha bater
À tua porta cerrada,
A sete chaves trancada,
No lado escuro da Vida,
Na sombra da Alvorada.
Que venha espreitar risonho
À florida sacada,
Rasgada sobre a Aurora,
Aberta sobre a Esperança.
Ai, Abril
Que te quero Abril,
Abril da minha Lembrança.
Que venha enxugar as lágrimas
Deste tempo sem idade,
Irromper pelas cidades
Como fogo abrasador
E despertar consciências
Do seu lascivo torpor.
Ai, Abril,
Que te quero Abril,
Abril da minha Vontade!
[Maio de 2004]
escrito por
Gabriela Correia, Faro
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