Para não esquecer...

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Eloídes
Eloídes
Eloídes
Por estes dias decorre em Coimbra um ciclo de actividades, promovidas pela Cooperativa Bonifrates, sobre a temática dos SEM ABRIGO. Tem este texto o objectivo de divulgar o ciclo e, simultaneamente, convidar à visita ao sítio da Bonifrates, porque há por lá outras iniciativas de interesse presente e futuro.
Ciclo de actividades SEM NÓS NEM ABRIGO

a) Colóquio: 15 de Março, Casa Municipal da Cultura – Coimbra
b) Ciclo de cinema: 19, 21, 23 e 24 de Março TAGV – Coimbra
c) Exposição de fotografia: 19 de Março a 9 de Abril TAGV – Coimbra

Texto de apresentação:
«Eles estão aí... Não são zombies nem extraterrestres... São seres humanos, como nós, com quem nos cruzamos, tantas vezes sem os vermos, sem lhes dar sequer a hospedagem do nosso olhar. São chamados “sem abrigo”. Andam pelas ruas, sem morada, sem destino, sem endereço. E os nós que tinham vão-se desatando numa progressiva desvinculação e desfiliação não apenas social e profissional, mas também psicológica, afectiva e cívica. Filhos da cidade sem direito à cidadania, a sua identidade perde-se nos labirintos sinuosos das mais diversas situações e origens que os lançaram para esse outro lado, o lado escuro da vida, o reverso do espelho em que se furta a sua presença e a sua imagem: desemprego, deslocação, toxicodependência, imigração, pobreza, solidão, perturbações psíquicas, tantos são os caminhos que levam à perda do lar, da habitação, da morada, ao esquecimento do ser e à exclusão do espaço, do tempo e dos nós com que se tece a existência solidária. E, à excepção dos tempos festivos do Natal ou da Páscoa, junta-se à inexistência do tecto e da habitação a ausência do abrigo do nosso olhar.

Tomando como pretexto a apresentação da peça Eloídes, de Jerónimo López Mozo, a Cooperativa Bonifrates promove, numa convergência de esforços que reúne parceiros diversificados, um conjunto de iniciativas centradas no tema “Sem nós nem abrigo”, que procura chamar a atenção e “re-situar” o olhar naqueles que, não dispondo de um lar ou de um tecto em que ganhe corpo a sua existência individual, social e cívica, vêem diariamente desfazer-se os nós que os poderiam ligar a alguma coisa ou a alguém, sinal e símbolo de esperança. Nesse conjunto de iniciativas, ocupa um lugar naturalmente especial o olhar do espectador que solicitamos para a peça que vai ser estreada no Teatro Estúdio Bonifrates no dia 29 de Janeiro de 2007 e cuja apresentação se prolongará pelos meses de Fevereiro e Março. Mas, porque do olhar se trata, solicitaremos também a atenção para alguns dos olhares com que o cinema se debruçou sobre a realidade e a problemática dos “sem abrigo”, num ciclo promovido em colaboração com o Teatro Académico de Gil Vicente e a Fila K e que integrará ainda conversas sobre as associações que têm vindo a dedicar os seus esforços ao enfrentamento e à resolução deste problema. E ao olhar dos realizadores de cinema propomos acrescentar o olhar dos nossos fotógrafos: serão convidados aqueles que têm trabalhado com a Bonifrates e com o Teatro Académico de Gil Vicente para participarem numa exposição, a realizar no Foyer daquele Teatro, que terá como conteúdo as imagens com que tais fotógrafos nos ajudem a ver os sem abrigo deste tempo e deste espaço em que vivemos e que poderá ser complementada por outras intervenções na área das artes visuais. O projecto “Sem nós, nem abrigo” integra ainda um colóquio a promover em Coimbra, no mês de Março, para o qual a Cooperativa Bonifrates procurará mobilizar como parceiros outras entidades que têm privilegiado, na sua actividade, este campo e que tentará realizar, tanto para profissionais especialistas como para outros cidadãos interessados, uma abordagem multidisciplinar e abrangente da problemática dos “sem abrigo” na sociedade actual, cruzando o olhar do sociólogo, o do antropólogo e o do filósofo com a dimensão psicológica e a ético-política nas suas formas de intervenção e de transformação da realidade.

Assim, partindo do teatro, o projecto “Sem nós nem abrigo” procurará criar espaços em que se estabeleçam nós e se proporcionem abrigos para debater um dos grandes problemas do mundo contemporâneo.»
escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Fátima Rodrigues, de quem recebi a notícia]

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