Para não esquecer...

DIZCIONÁRIO [45 europa]

Um texto da revista brasileira Veja

(ano 40, nº 12, de 28 de Março de 2007),
a propósito do 50º aniversário do Tratado de Roma, cita alguns pensadores
(incluindo Ratzinger, o actual Papa Bento XVI)
para ilustrar a ideia de que a Europa não é um continente, "é um conceito cultural e histórico". Começa assim:
A Europa é uma península que se projeta da grande massa asiática, sem que exista acordo a respeito de onde começa. Escreveu um geógrafo alemão: Chamar a isso continente é claramente um abuso de linguagem". Diante dessa dificuldade, outro alemão, o cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, propõe uma definição por parâmetros diferentes: "A Europa não é um continente nitidamente perceptível em termos geográficos. É, na verdade, um conceito cultural e histórico", escreveu em Europa, livro de 2004. Soa apropriado que o berço das idéias que moldaram o mundo moderno seja mais bem definido por um conceito fluido, o pensamento humano -- e não por montanhas e oceanos, como a África. A Europa do império romano incluía as terras em torno do Mediterrâneo, que em virtude de suas ligações culturais, do comércio e do sistema político comum formavam um verdadeiro "continente", escreve Ratzinger. Foi o avanço do Islã nos séculos VII e VIII que traçou uma fronteira pelo Mediterrâneo, separando Ásia, África e Europa. Quando a Europa iniciou sua espetacular revolução criativa no século XVI, nota o historiador americano Jacques Barzun, também não se podia pensar nos limites atuais, pois os Balcãs permaneciam sonolentamente sob o domínio dos turcos muçulmanos.
O autor, Jaime Klintowitz, cita ainda o cineasta polaco Krysztof Zanussi, segundo o qual
"Se a Europa fosse uma pessoa, precisaria ser encaminhada a um psiquiatra".
Porque a realidade europeia é muito melhor que a percepção
[negativa]
que dela têm os europeus. E Klintwitz prova a tese com algumas facilidades dos europeus, "invejadas em outros países":
  • a possibilidade de os europeus poderem viajar e trabalhar onde quiserem dentro da União;
  • a moeda única simplificou a vida para quem viaja ou negoceia, tornou os preços transparentes e substituiu moedas fracas por outra mais forte;
  • o projecto Erasmus, que beneficiou mais de 1,5 milhões de jovens;
  • a ajuda financeira dos mais ricos que ajudou países periféricos, como a Espanha e a Irlanda, a tornarem-se "a versão européia dos Tigres Asiáticos";
  • "o futebol europeu reúne agora os melhores craques do mundo".
Em conclusão: ...um texto que me estragou o dia, por me ter feito consciencializar de que, apesar de reconhecer algumas vantagens à união europeia, pertenço ao número dos que precisam de tratamento psiquiátrico.

escrito por ai.valhamedeus

5 comentário(s). Ler/reagir:

Padre Lúcio disse...

Caríssimos
A Europa foi sendo criada em função da matriz cristã.
O espaço do continente que habitamos, independentemente das transitórias gestões ideológicas dos politicos, tem uma base comum: os valores cristãos.
Sem essa base a ideia de Europa destruir-se-á.
A União Europeia enquanto estrutura fundada nesses mesmos princípios, ou os institucionaliza, ou perecerá frente aos interesses regionais e à sabotagem dos seus vizinhos africanos e asiáticos, que, esses sim, têm uma unidade de valores que lhes dá identidade, mesmo sem qualquer união política.
Sem a união dos valores cristãos, a Europa política jamais sobreviverá.
Continuação deum bom Domingo de Ramos e uma Semana Santa em paz.

freespirit disse...

Que eu saiba a europa é muito caracterizada pela sua actual democracia.

Democracia essa que foi inaugurada pelos Gregos, que não tinham qualquer relação com a moral cristã. Cristãos que ao longo da história não contribuíram assim muit para a democracia, apoiando até regimes absolutistas.

"Sem a união dos valores cristãos, a Europa política jamais sobreviverá."

Será?

Ai meu Deus disse...

Pois é, freespirit,pois é! É elementar essa dívida (aos gregos) da Europa (e aos árabes?). Mais: o cristianismo também deve muito aos gregos (designadamente, a Platão).

É natural que Ratzinger vá por outra via, a ver se se consagra na Constituição europeia a pseudo dívida da Europa ao cristianismo. Enfim...

Anónimo disse...

Afinal, quem é que vive na Europa: tu ou o jornalista brasileiro? Não sei se será psiquiatria ou oftalmologia, o que tu precisas; de qq modo, sinceras melhoras! ;)
Abraço,
ALM

morffina disse...

Mal de nós se não precisassemos de Psiquiatra.

Concordo com o freespirit.

Dívida cristã???

Já não basta o atrofiamento de séculos provocada por essa coisa nefasta.

Pensando bem ... Olha que latim e canto gregoriano no Parlamento Europeu seria engraçado.

Abraço
MF