Para não esquecer...

RECEBIDO POR EMAIL -63. maiakovski

Maiakovski

[poeta russo "suicidado" após a revolução de Lénine]
escreveu, ainda no início do século XX:
Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor
de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Depois de Maiakovski…
Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
[Bertolt Brecht (1898-1956)]

*****
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

[Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas]

*****
Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

[Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007]
O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski.

Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, essa há muito se tornou inútil…

Até quando?...

escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

lourenja.blogspot.com disse...

"Pela boca morre o peixe"

Anónimo disse...

Não foi concerteza por acaso que aqui foram colocados estes textos. A pouco e pouco e enquanto tudo parece passar-se com os outros vamos adormecendo! Vamos desenrascando a nossa vidinha!! Parece-me no entanto que os sinais são preocupantes. Começa a notar-se um clima de "fiscalização" excessiva sobre os lusitanos. Começa a sentir-se um pouco a tensão de um regime "musculado". Muita regra, muita proibição...! Estarei a ver mal????

Anónimo disse...

Enquanto nós por aqui (ciberespaço) andamos a mandar-lhes bocas, eles, o poder, continuam a fazer das suas...
Suportamos hoje os xuxialistas talvez ligeiramente social-democratas mas absolutamente nada socialistas (na versão sócrates equipados de músculo e tudo!), mas teremos amanhã os psds que são a direita liberal, os centristas que não passam da direita mais conservadora...
A esquerda dorme ou estrebucha nas ruas.
O povo engole futebol,telenovelas, centros comerciais e, os de maior fé, vão a fátima a pé.
E assim vai Portugal! O governo vai bem, o povo vai inspirando ópios, talvez como há 33 anos atrás.