Abril acabou ontem. E com ele tanto se foi! Não queria, todavia, deixá-lo partir completamente sem prestar aqui esta homenagem ao Vicente Roma, professor, que gastou alguns anos da sua vida a fazer a guerra dos outros na Guiné, guerra a que o 25 de Abril pôs fim. Não venceu, no entanto a sua guerra pessoal contra a doença que o estava lentamente “a comer por dentro”, como ele dizia.
Obrigada.
Em Abril
Partiste em Abril, devagarinho.escrito por Gabriela Correia, Faro
Quando a primeira luz da manhã
destapa mansamente
a sombra da noite,
envolvendo o casario, mal refeito
do longo e duro Inverno.
Partiste em Abril, devagarinho.
Quando a esperança perpassa
no vento, que afaga os campos ainda molhados,
num arrepio
de frémito incontrolado.
Partiste em Abril, devagarinho.
Quando o sol, escapando às nuvens
que passam ligeiras
lambe os úberes entumecidos
das mães a descansar no verde,
à espera que as crias saciem o apetite voraz,
equilibrando-se nas tenras pernas.
Partiste em Abril, devagarinho
Quando os primeiros caracóis
se aventuram no desconhecido,
farejando o ar forte e adocicado da terra que renasce.
E, incautos, acabam num prato
em frente a um fino da cor do sol,
e às conversas acesas
sobre política e futebol.
Partiste em Abril.
E eu não pude fazer nada!
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