Para não esquecer...

SENHOR

Era uma vez
[pois era…]
Um senhor
[senhor, meta a língua na caixa e deixe-me continuar]
a quem punham acima de todo o senhorio.
Um senhor cuja santidade
[Sua Santidade]
Está acima-de-toda-a-suspeita
Acima de toda a lei
Acima de todos os papéis.
Um senhor que uma vez
[fez 513 anos no passado 7 de Junho]
usou o seu senhorio para entregar o Ocidente à Espanha
[o senhor desse momento era espanhol]
e o Oriente a Portugal
[que exigiu que empurrassem a linha lá para as 370 léguas
para que um possível Brasil caísse no Oriente].
Esse senhor era senhor de senhores
[e de senhoras, porque senhora era a mãe de Lucrécia Borgia de quem ele era o pai]
rei de reis
[raiva que consumia o rei de França]
imperador de imperadores
[para honra e glória de Carlos V].
Esse senhor era tão senhor
que viajava por todo o mundo sem passaporte nem vistos
até que o Brasil
[malditos comunistas]
lhe aplicou a lei e o multou.
Um escândalo
Uma atrapalhação diplomática
[resolvida por uma solução pírrica:
a multa foi aplicada à Alitalia].
O senhor de senhores, segundo o protocolo Vaticano, no dia da sua eleição é declarado
Servus servorum Dei
[para os mais distraídos, Servo dos servos de Deus].
No papel, escravo de escravos;
Na realidade, o escravo que quer mandar
[e quase sempre manda]
em todos
[Senhor, cale a boca].
Sim, Senhor.

escrito por José Alberto, Porto Rico

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