Não é por falta de esforço
[que eu, confesso, bem me esforço em sentido contrário],mas, quando ouço algumas notícias sobre este governo pê-èsse, não consigo deixar de pensar em mim
[e neste país]antes do 25 de Abril. Seja este o caso:
O Ministério da Educação (ME) decidiu convidar a Associação de Professores de Matemática (APM) a abandonar a comissão de acompanhamento do Plano da Matemática, por esta ter criticado declarações da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues [resto da notícia].Antes do 25 de Abril fiz parte de um grupo de acção clandestina. Aproveitando pretextos como o 1º de Dezembro, distribuíamos comunicados à população
[o original escrito em máquina de escrever clandestina, as cópias feitas em "máquinas de stencil" igualmente clandestinas e espalhados em horas igualmente clandestinas];reuníamos em sítios como ermos pinhais
[com garrafões de vinho e castanhas para fingir inocentes magustos e tentar iludir a polícia],porque sabíamos que os encontros em repúblicas eram escutados pelos guardiões do reino; em suma, éramos pecadores de um pecado capital para o regime
[e por isso tínhamos que ser clandestinos]:discordávamos.
Sabemos de
[nós, os vulgares cidadãos, sabemos, porque o sr. presidente Silva ou o sr. Pinto de Sousa, esses, desconhecem]acontecimentos que provam que a delação está em processo rápido de instauração; que os guardiões do reino, raivosos cães de fila, avançam a passo auto-fustigado; que o velho lema salazarento "quem não é por mim é contra mim" cada vez nos amedronta mais e nos incita ao silêncio
[ou aos velhos magustos fingidos].Sabemos que não é por tudo isto estar pretensamente legitimado pela maioria de votos que é menos grave. A recusa da discordância é um dos sintomas dos regimes autoritários. Sente-se, por isso, às vezes a vontade de voltar à resistência anti-fascista.
Se estes mandões são socialistas, puta que pariu tal socialismo em vez de o ter abortado!
escrito por ai.valhamedeus
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