Para não esquecer...

GERSHWIN: SIMBIOSE DE JAZZ E CLÁSSICA

Completam-se hoje 70 anos sobre a morte de George Gershwin, o compositor de

"canções de grande êxito popular, shows na Broadway e musicais cinematográficos. Gershwin especializou-se num estilo ligeiro, nos encontros amorosos dançantes, alternando suavidade e ritmo, imortalizados por Fred Astaire (para quem ele escreveu Funny Face, em 1927, e Shall We Dance?, em 1937). Mas convém logo realçar que suas canções, tendo grande êxito graças aos intérpretes populares e aos crooners de orquestras de dança, foram também muito prestigiadas pelos músicos de jazz, que encontravam em seus ritmos pouco convencionais e em suas harmonias criativas e ágeis [...] inspiração e desafios técnicos que ultrapassavam de muito (assim como um tigre ultrapassa um gatinho) a produção corrente dos demais compositores de música popular" (Kenneth e Valerie McLeish - Guia do ouvinte de música clássica : Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1993, p. 77).
Popular é, por exemplo, a sua ópera Porgy and Bess, uma história trágica de amor entre pretos pobres do sul dos Estados Unidos, que leva para os palcos clássicos um enredo fora dos cânones da época e contém uma lista de canções inesquecíveis, à frente das quais estará, sem dúvida, Summertime
[deixo aqui a interpretação de Ella Fitzgerald, mas sugiro a pesquisa/audição de versões mais "clássicas", ou ainda menos, no Youtube].

Obra-prima é também a Rapsódia em Blue
[que ilustra, sonoramente, Manhattan de Woody Allen].
"São célebres sobretudo 2 dos 4 temas principais [...]: o 1º, exposto pelo clarinete no princípio da obra, segue o famoso glissando ascendente confiado a este mesmo instrumento antes de ser retomado depois pelo trompete abafado, depois, em ritmos mais marcados, pelo piano e pela orquestra; o 2º, com características de blues, introduzido bastante tardiamente, é inicialmente tocado pelos violinos com apoio sincopado dos trombones que atenuam o carácter afrontosamente melodioso" (J. J. Soleil e G. Lelong - As obras-chave da música. Lisboa : Pergaminho, 1991, p. 132).
Sugiro a interpretação de Leonard Bernstein, ao piano e na direcção da orquestra:


escrito por ai.valhamedeus

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Ai meu Deus disse...

Uma nota:
obviamente, os 2 vídeos referentes à Rapsódia são um conjunto (separado em 2 partes por exigência do próprio Youtube, que põe restrições à duração dos vídeos).