Para não esquecer...

POLÍTICA E EDUCAÇÃO

O governo pê-èsse caminha, a passos largos, para a municipalização de toda a educação não superior. Eu, que não sou particularmente admirador dos administradores do poder local português, tremo com a ideia

[são mais ou menos públicos casos como o da filha do presidente que foi colocada na Escola x no lugar da professora A, aparentemente sem outras razões que não fosse a sua qualidade de filha; ou o do lugar para professor de música na escola básica y posto a concurso sendo critério de selecção o preço mais baixo da hora de trabalho proposto pelos candidatos...].
Na Veja de 27 de Junho passado, Claudio de Moura Castro aponta uma causa para explicar a pouca importância política dada no Brasil à educação inicial: é um sector na dependência do poder local e não do governo central de Brasília. Cito:
Brasília não é o local para brigar pela qualidade da educação. Entre outras coisas, o MEC não opera escolas nesse nível. Grande parte da educação inicial é do município, que paga a conta, contrata os professores e administra o sistema. E é lá também que a politicagem entra pela porta dos fundos. Note-se que 60% dos diretores são escolhidos politicamente.

E isso acontece porque a lógica do sistema é perversa. Imaginemos que o prefeito tivesse um caderno de contabilidade, com páginas para os ganhos e páginas para as perdas (definidas de forma abrangente: políticas ou financeiras). Para saldar uma dívida de campanha, o prefeito nomeia como diretora a cunhada do seu cabo eleitoral ou a amiga do deputado -- imbecis perfeitas que vão azedar o clima da escola. Essa nomeação rende para o prefeito uma anotação na conta de ganhos e nenhuma na conta de perdas, pois ninguém reclama. Alunos e pais não entendem ou não sabem mostrar politicamente a sua insatisfação. O mesmo ocorre com a contratação de merendeiras desnecessárias, o leilão dos cargos em comissão e o comércio das transferências.
escrito por ai.valhamedeus

0 comentário(s). Ler/reagir: