Para não esquecer...

EU VOU EMIGRAR

Leio e não acredito: o relatório preliminar à "visita" da polícia à sede do SPRC na Covilhã considera que não houve qualquer infracção. O ministro encerrou o caso porque «Não há indício de qualquer facto ilícito», até pela proximidade da sede "visitada" com a sede da PSP. Fico, portanto, a saber que no país em que vivo é normal a polícia "visitar", dar recomendações sobre os comportamentos adequados nas manifestações

[linguagem a utilizar, incluída],
levar documentos... e o resto que não se sabe o que será no futuro.

Há uma coisa com que eu concordo: o acto em si não é grave. Melhor, não seria grave, se as forças policiais não tivessem já tirado cartazes a
[e cercado]
manifestantes contra, deixando à vontade os manifestantes pró. Não seria grave, se o primeiro-ministro amarelo não tivesse já identificado
[salvo seja...]
os malandros que estão atrás disto tudo
[os únicos que parece fazerem oposição ao governo pê-èsse que nos maltrata: onde está, verdadeiramente a oposição partidária?]:
os tais "sindicalistas do PCP". Sobretudo, não seria grave, se o sistema democrático
[salvo seja...]
mostrasse estar preparado para rejeitar este tipo de actos.

Mas não: o que o sistema demonstrou é que considera que o acto é normal. Ora, não é. A interferência da polícia nas organizações democráticas não pode ser normal.

Até porque a polícia não é poder: é agente do poder. Falta, pois, averiguar a sério
[entre outras coisas]
se a polícia actuou por iniciativa própria
[o que me parece estranho e, no mínimo, excesso de zelo e, de qualquer modo, ilegítimo, mesmo que com as razões aparentemente "benévolas", que o relatório refere. Não se demitiram já ministros por anedotas nada mal intencionadas?]
se por ordem do poder de que é agente
[o que não é menos grave, bem pelo contrário].
Percebo que arquivar um processo destes é bem mais fácil do que arquivar o processo dos McCann
[com importância mediática suficiente para despedir, por declarações, um inspector e movimentar muitos euros].
O sr. José de Sousa
[apesar de expressamente ilibado no relatório]
já tinha preparado o terreno: quem está no terreno são os festeiros sindicalistas do PC
[que raio! toda a gente sabe o que é que eles querem: tomar o poder. E "tomar o poder" é a versão contemporânea do "comer criancinhas ao pequeno-almoço" ou "dar injecções atrás da orelha aos velhinhos" de há uns anos atrás. A grande diferença está aqui: o governo pê-èsse tapa isto tudo com a capa da sua democracia, assinando a ausência legal expressa de factos ilícitos
(problema não menor é que esta é uma questão política e aí a lei não tem grande eficácia e a "impunidade" é maior).
Num caso como no outro
[num tempo como no outro]
a democracia é uma treta, quero dizer, uma coisa de boas intenções, se as boas intenções não afectam os governantes.
Só falta um juiz qualquer assinar a prisão dos dirigentes sindicais, por um "facto ilícito" qualquer
[no género do já anunciado pelo primeiro-ministro amarelo: as injúrias a si próprio dirigdas que se ouvem, diz ele, nas manifestações].
Mas, por este andar, lá iremos. Devagar, mas firmemente.

[Posfácio: se isto é democrático, puta que pariu tal democracia em vez de a ter abortado].

escrito por ai.valhamedeus

4 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Alguém me sabe dizer onde está sediada a central de informações e coordenação de polícias?

Anónimo disse...

Caríssimo ARG: um povo como o português, saudosista de regimes autoritários e arrebanhado por uma espiritualidade sincrético-pagã, vai voltar a dar a vitória ao Zé Sousa (a alternativa é igualmente exasperante). É essa a matéria de lusa cepa, um povo que perdeu qualidades, profícuo em delatores, bufos, lacaios, títeres e pedantes...
Por mim, já é tarde para emigrar, para além de que tenho a esperança que a abertura de fronteiras dissolva tão inquinada pureza.
Abraço e obrigado pela excelente anedota que me deixaste no SQ!
ALM

lourenja.blogspot.com disse...

Deixei de acreditar neles...todos...
bom fim de semana

Anónimo disse...

Apoiado. Acho que é desta que vou deixar de votar. Para quê? Neste país de cegos que da cegueira nunca se curaram, como tinha uma ténue esperança o Almada Negreiros, a alternância PS/PSD é uma certeza.
Gabriela Correia
P.S. Se este blogue não se põe a pau ainda acaba em ... Qual é agora a prisa?