Bertrand Russell parece considerar apenas uma dezena de problemas filosóficos. A. C. Ewing reduziu o número para seis
[1. a verdade; 2. a relação entre a matéria e o espírito; 3. a relação entre o espaço e o tempo; 4. a causalidade e o livre-arbítrio; 5. o "monismo" vs o "pluralismo"; 6. Deus].Mas Martin Cohen encontrou 101 e apresentou-os num livro traduzido para espanhol com o título 101 problemas de filosofía
[2ª reimpressão, Madrid: Alianza Editorial, 2005].Da versão espanhola traduzo o problema de Protágoras.
escrito por ai.valhamedeusEvatlo aprendeu de Protágoras como ser advogado, graças a um generoso acordo segundo o qual não precisava de pagar nada pela sua educação até que, e a menos que, ganhasse o seu primeiro litígio nos tribunais. Para surpresa de Protágoras, depois de ter dedicado muitas horas do seu tempo a preparar Evatlo, o seu pupilo decidiu ser músico e desentender-se para sempre com os tribunais. Protágoras exigiu a Evatlo que lhe pagasse os seus serviços e, quando o músico se negou, decidiu levantar-lhe um processo em tribunal. Protágoras raciocinou que, se Evatlo perdesse o processo, ele ganharia, caso em que recuperaria o seu dinheiro. E mais, mesmo que perdesse, Evatlo ganharia o seu primeiro caso, por mais que dissesse que era músico, pelo que também teria que lhe pagar.Contudo, Evatlo argumentava de forma bem distinta. Se perdesse, pensava, teria perdido o seu primeiro caso nos tribunais; portanto, o acordo original libertava-o de pagar os gastos da educação. Mas também, se ganhasse, Protágoras perdia o direito de fazer cumprir o contrato, e portanto não teria que pagar nada.
[Os dois não podem ter razão. Portanto, quem está equivocado?]
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Muito interessante e fácil de entender. Pensamos com palavras, mas pensamos para além das palavras. E é importante e didático que se compreendam estas armadilhas das palavras e como relacioná-las com a ética.
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