Em entrevista a Fernanda Câncio publicada na revista “Grande Reportagem”, Setembro de 94, o Dr. Emídio Rangel quando questionado sobre se na altura se fazia bom ou mau jornalismo em Portugal, respondeu como segue:
Acho que há muitas coisas que leio, vejo e ouço que classifico como bom trabalho jornalístico mas também tenho encontrado coisas que acho exasperantes no domínio da imprensa, sobretudo quando se trata de respeitar coisas como o bom nome. Há nalguns casos uma grande preguiça de não realizar o trabalho até ao fim, mas noutros existe uma intencionalidade complicada. Escrevem-se coisas que não correspondem minimamente à verdade e é preciso urgentemente corrigir isso sob pena de os jornalistas serem permanentemente questionados (sic).Mais adiante e em relação à “nova” lei de imprensa afirma:
…se dependesse de mim já tinha abolido a Alta Autoridade para a Comunicação Social há muito tempo e não havia nenhuma lei de imprensa. A tentativa de regulamentar questões que têm a ver com liberdade e responsabilidade é um exercício muito complicado. O ordenamento jurídico existente é perfeitamente claro em relação a direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. (sic)E ainda:
A Alta Autoridade não sabe nada de comunicação social e debita muito sobre comunicação social. Diz muitas asneiras e não devia existir (sic)Mais à frente, e em resposta às críticas que se faziam aos programas da altura passados na SIC e da sua responsabilidade enquanto Director de Programas, respondeu:
Não sente que a maior parte dos críticos são diletantes, mal informados, fazem este exercício sem conhecer os meios?Pergunta da jornalista: “Vêem televisão. O que é preciso mais?”
Resposta do Dr. Emídio Rangel:
Ver televisão não chega. É preciso estudar. Eles não compreendem o fenómeno. Há sempre excepções, mas na sua maioria as pessoas que escrevem sobre TV não a conhecem. Estão convictos de que estar uma hora à frente do televisor a ver um programa é suficiente para poder falar sobre esse programa, e mais, para discorrer sobre o fenómeno televisivo em si próprio. Isto tem de acabar. É preciso fazer exercícios sérios de crítica de televisão que levem em linha de conta toda esta panóplia de argumentos que não pode de forma alguma passar em branco. (sic)E não é que o homem parece que adivinhava?
escrito por Gabriela Correia, Faro
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O pseudo-homem sabe do que fala ... :)
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