Como habitualmente às quintas, o sr. Miguel, de apelidos Sousa Tavares, esteve hoje de serviço aos comentários da TVI.
- Manifestou-se uma vez mais contra os professores, mas desta vez de modo ligeiramente diferente. Não foi tão feroz como costuma, mas denunciou-se em mais do que um lapsus linguae. Dizendo-se pouco satisfeito com a quantidade de sítios na Internet que se manifestam contra as suas opiniões, dirigiu sobretudo os ataques contra um texto duma professora, profusamente divulgado e comentado em blogues, segundo o qual o sr. Miguel teria afirmado serem os professores uns inúteis bem pagos. Negou que alguma vez tivesse afirmado tal e, acrescentou, por uma razão simples: não pensava tal.
E argumentou que só poderia afirmar que os professores eram inúteis quem fosse idiota e ele não se tinha no grupo dos idiotas. Em primeiro lugar, este é um argumento que não prova nada; se é verdade que só um idiota poderá afirmar que os professores são inúteis, não está provado que o sr. Miguel não seja idiota[pelo que bastará admitir esta hipótese para admitir igualmente a hipótese de que tenha dito a barbaridade em questão].
Em segundo lugar, o sr. Miguel apenas negou uma parte da afirmação: a da inutilidade dos professores[eu juraria já o ter ouvido falar dos salários demasiado altos dos professores].
Mas o maior lapsus foi a conclusão do ataque. Disse o sr. Miguel que tem recebido tantas ameaças e tantos comentários indignos de professores que começava a pensar que, se calhar, tinha razão naquilo que pensava. Ah! afinal, o sr. Miguel confirma que não pensa grande coisa dos professores. - O sr. Miguel mostrou-se indignado com um anunciado boicote, por um grupo de professores, a 2 das suas obras adoptadas pelo plano nacional de leitura, desejando que o grupo não fosse representativo dos professores em geral. Como o sr. Miguel, provavelmente, não lerá o Ai Jesus!, peço a algum leitor que o conheça que lhe transmita este meu recado
[ainda que possa concordar com o sr. Miguel na classificação deste propósito como terrorismo intelectual]:
quando se trata de terrorismo, sr. Miguel, cada qual usa as armas que tem! - O sr. Miguel, que se afirmou um trabalhador das letras ainda que não um linguista, opinou também sobre o novo acordo ortográfico, e opinou globalmente contra o referido. Para ilustrar o seu desacordo, deu um exemplo soberbo: haverá algum acordo ortográfico que possa levar um africano que fale português a dizer ônibus, em vez de machimbombo? Grande amostra de conhecimento da diversidade da língua portuguesa
[e não haverá por aí quem explique ao sr. Miguel qual é a função de um acordo ortográfico? ou, dito de outro modo, quem lhe explique que a ortografia tem que ver com a escrita?]!
E afirma o sr. Miguel que o motivo de ser tão atacado pelos professores é o facto de ter opinião?! palpita-me que o sr. Miguel tem é falta de[tempo? capacidade? idade? para]
pensar.
3 comentário(s). Ler/reagir:
Há gente que, além de "não pensar", acha que faz parte de uma estirpe de iluminados, cujo defeitos mais óbvío é não se enxergar a si mema. Esse Miguel é só um deles...
E de algumas noitadas publicitadas na revista Caras, também!
Ele pensa que a estatura intelectual e moral da mãe se lhe pega.
Ela sim, tinha respeito. Há um poema da Sophia, citado pela Lurdes Pintasilgo, pouco antes de esta morrer, que reza assim:
Eu ia e vinha /
e perguntava à ervinha que nome tinha.
Perdoem-me se não é bem "ervinha". Eu sim, é da idade!
Gabriela
É, é mesmo certinho que acordo ortográfico só devia ser coisa de palavras. Mas não é, não! É coisa de política, de sintaxe, de semântica, de fonética, de festa, de funeral! Por isso não vai dar certo, não! Pelo menos em 50 anos ainda não deu.
Para fazer um acordo não há remédio na pharmacia nem na farmácia. Precisa só querer. E muita gente não quer.
Observador
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