O sr. Miguel
(de apelidos Sousa Tavares, o sr. Miguel diz uns comentários na TVI e escreve outros em jornais)pertence a uma classe conhecida pelo nome de comentadores. Ora o sr. Miguel comenta o que quer que seja. Ele é política, ele é economia, ele é educação — ele é o resto também. Não sei qual é a especialidade do sr. Miguel, quer dizer, qual é o domínio onde ele tem autoridade. Cheguei a pensar que o sr. Miguel teria autoridade em tudo — até o ouvir dizer algumas tolices em domínios onde, segundo tudo indica, eu sei mais qualquer coisita que o sr. Miguel
(designadamente, no domínio da educação/ensino).E o sr. Miguel, para mim, perdeu toda a autoridade: quando o ouço (ou quando, mais raramente, o leio), se não entendo do que ele fala ou escreve, fico sempre com a sensação de que o sr. Miguel poderá estar a dizer ou escrever alguma idiotice. E, quando o percebo, fico com essa outra sensação de que o homem ou (se) faz de parvo ou é ignorante
(inclino-me cada vez mais para rejeitar a primeira hipótese).No Expresso de 7 de Janeiro o sr. Miguel escreve extensamente para defender a tese de que os portugueses são os piores dos 25 da Comunidade. Os trabalhadores, os empresários, o Estado… tudo do pior
(não refere os jornalistas mas, como acrescenta que "nada funciona como devia", também se incluirá a si próprio. Digo eu).A favor da sua tese conhecida
(tudo indica que o sr. Miguel não tem mais do que duas ou três ideias, que vende há um ror de anos),o sr. Miguel utiliza sobretudo a argumentação através de exemplos. Assim, e para provar que os professores são do pior, apresenta o seu caso (seu, do sr. Miguel). Caso dramático, pelos vistos (ou pelos lidos): dramaticamente escreve que "arrostando com filas de trânsito e arriscando acidentes"
(também temos os piores condutores, não é, sr. Miguel? e estará o sr. Miguel incluído?),tratou do regresso do filho a Lisboa, de modo a que no primeiro dia de aulas do segundo período pudesse estar no "liceu central onde estuda"
(ó sr. Miguel, já não há liceus em Portugal há uns anotes!).A acreditarmos no pai, nesse dia, das cinco aulas marcadas o moço só teve uma -- e no dia seguinte, uma outra das quatro que deveria ter.
Admitirei aqui (embora com alguma dificuldade) que o sr. Miguel não esteja a mentir. Mas que conclusão poderemos tirar nós
(nós, insisto, que ele tira a de que os professores também são do pior)de tal exemplo? Apenas esta: que o filho do sr. Miguel teve uma aula na segunda e outra na terça. Ficamos sem saber quantas aulas tiveram os colegas (das outras turmas) do filho do sr. Miguel; ficamos sem saber quantas aulas tiveram os alunos das restantes escolas deste país do pior em que o sr. Miguel vive
(a título de exemplo, garanto que a Escola onde trabalho não serve de exemplo para a tese que o sr. Miguel pretende defender).Pelos vistos o sr. Miguel ignora o que qualquer aluno medíocre do secundário papagueia (e pratica): o modo como raciocinou (e como raciocina com frequência inadmissível) é falacioso. Trata-se de uma falácia de indução fraca –- a falácia da generalização apressada. Qualquer bom compêndio de Lógica ensinaria ao sr. Miguel
(se o sr. Miguel estivesse disposto a aprender)que se conclui indevidamente quando se extrai uma conclusão de uma amostra atípica.
Os textos (e os discursos orais) do sr. Miguel sofrem ainda de uma outra falácia: o chamado argumentum ad populum (apelo ao povo). Incorre nessa falácia
(o sr. Miguel encontra isto, designadamente, na “Enciclopédia de termos lógico-filosóficos” da Gradiva)quem procura persuadir alguém de algo despertando o “espírito das massas” (apelo directo) ou fazendo apelo a sentimentos que se supõem ser comuns à generalidade das pessoas (apelo indirecto)
(toda a gente sabe que os funcionários públicos em geral, e os professores em particular, são uns malandros -- não é?)É isso o que o sr. Miguel faz constantemente
(já agora… o sr. actual pior primeiro-ministro deste pior país, também).O sr. Miguel é do pior.
escrito por ai.valhamedeus
4 comentário(s). Ler/reagir:
a partir do sr. miguel, avaliemos agora o país. o declive pós-sousa tavares é um abismo intenso.
Li este post, e de repente lembrei-me de ir ler algo que não lia há uns tempos: o manifesto anti Dantas. Ficou-me uma pergunta: Qual será adiferença entre o Sr. Miguel e o Dantas! Pim.
Céptico.
Tbm li este post, e de repente lembrei-me que aquela 'boca', «eu não meti baixa» proferida por um tipo de canadianas, ainda com os neurónios congelados, que fora apoiar-se no 'velhote' ao Coliseu, tinha a paternidade do sr. miguel. O sr. miguel, mentor espiritual do sr. de canadianas?
Isto é do pior... E, ou muito me engano - e gostava de me enganar - a partir do dia 22 a margem de progressão é para piorar. Oxalá eu me ...
j.costa
Qto ao novíssimo aspecto do blog, tem mais estrelas que a bandeira do tio Sam.
esgalhaste-lhe bem, ó valha-me deus...
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