O recém-reeleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, em entrevista ao Público de hoje, esclarece o que pretendia dizer quando disse que o Estado democrático não pode ser militantemente ateu. Penso que D. Jorge Ortiga não precisava de se desculpar: penso que um Estado democrático não pode ser, efectivamente, militantemente ateu. O que está em questão não é esta tese
[o contrário implicaria ser militantemente contra convicções de cidadãos numa área que não compete ao Estado],mas o que a Igreja Católica portuguesa pretende: que o Estado seja militantemente religioso
[o que se aproxima, no caso, de militantemente católico].Isso mesmo se tinha percebido já nas afirmações anteriores daquele dirigente religioso; isso mesmo é confirmado agora. Diz o entrevistado
[após uma "análise sociológica" no mínimo estranha, segundo a qual o "desafio" "inédito" da "actualidade" é estarmos "perante um novo período em que a Igreja Católica é uma entre tantas outras religiões". Se isto é inédito, atrevo-me a perguntar em que mundo tem andado esta criatura de Deus]que reconhece "categoricamente" "a laicidade do Estado". Ainda bem, ficamos descansados. Mas esclarece logo que... a sua laicidade é "uma laicidade inclusiva", isto é, deve incorporar "a dimensão religiosa nas suas atitudes". Pronto! Sua Eminência estragou tudo outra vez, revelando que, não lhes bastando as cadeiras das igrejas, o que eles pretendem é voltar às cadeiras do Estado. Ora, o Estado pretendido é tudo menos laico
[é um apelo para construir um Estado à imagem e semelhança do governo: um Estado que se diz laico mas efectivamente é católico, à imagem de um governo que se diz socialista mas efectivamente é menos do que social-democrata -- ou à imagem do outro que se diz engenheiro mas efectivamente é menos do que licenciado em engenharia].Pretende-se o regresso à Concordata, que Sua Eminência lamenta não estar em efectividade de funções. O regresso à proibição legal dos divórcios nos casos de casamento religioso
[e, já agora, por quê não também nos demais? a luta descabelada de Suas Eminências contra o fim dos divórcios litigiosos aponta nesse sentido]...O principal problema da Igreja Católica não é o Estado ser ou não ser laico
[embora esse também seja um problema].O seu principal problema é já nem os católicos
[que, contra as recomendações oficiais, usam o preservativo e outros métodos anticonceptivos, se marimbam para a indissolubilidade do matrimónio...]atenderem às suas recomendações oficiais
[é o próprio entrevistado que reconhece que "cerca de 90 por cento dos portugueses se declaram católicos e temos que assumir a responsabilidade e interrogar-nos porque não são praticantes"].É a estes que devem admoestar, Suas Eminências! É a estes e nos sítios apropriados. A nós outros
[e, designadamente, ao Estado que legisla para todos os cidadãos],deixem-nos em paz!
escrito por ai.valhamedeus
4 comentário(s). Ler/reagir:
E não é que o D. Jorge Ortiga tem razão!
Este governo é militantemente ateu: atente-se nas heresias que membros do dito têm expressado sobre assuntos da (res)pública: a saber o "jamais" do Dr. Mário Lino; as declarações da Drª Lurdes Rodrigues/Lapa( perdoe-me o emérito homem de letras Dr. Rodrigues Lapa), que quanto mais se diz não ter condições para se manter no cargo, mais ela se agarra a ele. Como as lapas. Agora aí está mais uma heresia: o "Concursário" aparecendo numa Folha Informativa, cuja cópia li à pressa depois de uma reunião de pais! Alguns (poucos)bastante
"assanhados", diga-se. Por isso, devido ao cansaço e ao adiantado da hora, quase 20.30, ainda não atentei nela. Mas não augura nada de bom!
Gabriela
Ai, ai, ai não queira ser mais papista que o Papa, minha senhora!
Um ateu não pode ser acusado de heresia. Como uma professora não pode ser acusada de não saber ensinar religião. Claro, há sempre sapateiros a querer tocar rabecão.
Que o Ai-meu-deus lhe perdoe.
MiLaGrrrr
Não há maneira desses filhos da p*** de sotaina se calarem ou, pelo menos, de tomarem consciência do ridículo da banha de cobra que vendem... Nem o diabo os compra!
E sapateiras!
Deus, quando criou o mundo esqueceu-se de colocar algum sentido de humor nalgumas mentes.
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