Dia móvel, ao contrário do Dia do Pai, que é também dia de São José. O Dia da Mãe era, se bem se lembram, no dia 8 de Dezembro. Mas repentinamente, mudou. Talvez por as mães serem tão importantes, que o seu dia teria de se destacar com pompa e circunstância. Ideia agarrada com ambas as mãos pelo comércio dos presentes para dar à respectiva mãe. E, segundo o "marketing", quanto maior é o presente, maior é o amor pela mãe. Então, vai daí, a Santa Casa da Misericórdia, creio eu, espalhou cartazes que dizem o seguinte: Amor de Mãe é ganhar um Milhão!
Mas para isso é preciso jogar na lotaria. Não vamos pensar que esse milhão nos vai cair no colo sem mexermos uma palha. Como o outro que rezava com fervor ao Santo pedindo-lhe para que este lhe concedesse a graça de ganhar na lotaria. E era tão insistente, que o Santo se cansou de o ouvir e lhe respondeu: Está bem, mas ao menos compra uma cautela!
Por coincidência, hoje dei de caras com um artigo sobre esta questão das mães e da sua importância na vida dos filhos. E lá vinham as sondagens: 78% dos Portugueses acham que uma criança com menos de 6 anos pode sofrer quando a mãe trabalha; 43% dizem que as mães não deviam trabalhar quando os filhos têm menos de 6 anos; 83% das mulheres entre os 25 e os 34 trabalham. "É uma das mais elevadas taxas da Europa neste grupo de idade". Um estudo revela que "Quanto mais escolaridade tem a mãe, menos a criança está com ela em casa" e que "classes mais baixas estão mais tempo com a mãe"; na comparação do dito estudo entre a década de 70 e a de 90 ficou claro aquilo que já todos calculávamos: 44,3% das crianças entre 1 e 2 anos ficavam em casa com a mãe, enquanto que na década de 90 o número descia para 26,8%.
Estatísticas e estudos à parte, prefiro a frase cheia de beleza, e de sentido, de alguém que afirmou: o importante é que os filhos não esqueçam o caminho de casa!
E já agora o número do telemóvel, do telefone. E que não se esqueçam de nos dar uma "apitadela". Eu, pela minha parte, vou dar uma "apitadela" à minha que, felizmente, ainda é viva.
E pelo sim, pelo não, aqui deixo uns versos de homenagem a todas as Mães.
E também aos Pais.
SEGREDOS
A Vida é feita
De pontapés e cansaços.
Não de mimos
E afagos!
E Tu sabias!
Tu sabias,
E não me disseste nada.
Tu sabias que:
-- A Vida...
É a vida
E ponto final!
Dizes – me Tu
De entre as páginas
Do jornal.
-- Um dia saberás
De que
são feitos
Os medos,
Os degredos,
Enfim, os segredos.
Tu verás!
Por que me não sossega então
O coração?
Por que não Te acredito?
Por que desvias
O olhar,
E apressado
Regressas ao jornal?
Por que Te moves
Quieto,
Nesse assento paternal?
Eu digo-Te porquê:
Tu também não sabias!
[Julho 2001]
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