Para não esquecer...

LÓGICA DA CONTRADIÇÃO

Durante toda esta semana H Clinton e O Obama andaram metidos em todos os bairros de Porto Rico
[incluindo alguns de muito má reputação].
Buscavam votos. Votos para a as primárias do Partido Democrata dos Estados Unidos de América. Cada um deles espera ser o ungido, eleito para disputar com o republicano a ocupação da Casa Branca.

Até aqui tudo normal e nada que se pareça a um gancho noticioso. Mas... a normalidade esconde uma grande anormalidade.

Porto Rico é uma colónia dos Estados Unidos desde 1898. Desde a década dos 50 tem o privilégio de poder escolher o seu próprio governo local. Ou seja, os governadores já não são nomeados por Washington. Desta maneira, cada 4 anos há um simulacro de democracia em Porto Rico: três partidos disputam entre si quem governará a colónia. Até agora dois dos três partidos têm feito o alterne do poder.

Cada 4 anos, no mesmo dia em que Porto Rico elege o seu governador, os Estados Unidos elegem o Presidente. O Presidente que exercerá o poder sobre Porto Rico. Mas...
[ó meus queridos deuses do Olimpo]
nenhum habitante de Porto Rico votou pelos candidatos a presidente. Isto é, ou seja, quer dizer, o indivíduo que vai mandar, que vai decidir sobre a vida dos habitantes de Porto Rico, não recebeu um só voto desses habitantes. Ou seja, nenhum habitante de Porto Rico lhe deu mandato algum.

Em conclusão
[para os mais distraídos]
os habitantes da colónia de Porto Rico não podem votar pelo Presidente da metrópole que os governa.
[Viva a democracia portuguesa que permitia que os moçambicanos, angolanos et al. votassem pelo Américo Tomás].
Mas a anedota começa aqui: durante duas semanas, Clinton e Obama andaram por aqui como se fossem a disputar a governação de Porto Rico. Prometeram o que tinham e o que não tinham.
[Magnânimos.]
Prometeram resolver todos os problemas da colónia.
[Magos.]
Hoje foram as eleições. Clinton contra Obama. Pela governação? NÃO. Pela candidatura democrata à presidência dos Estados Unidos de América.

Ganhou a senhora Clinton folgadamente. Mas, que ganhou ela? NADA. Esta vitória não adianta absolutamente nada porque Obama mantém o maior número de delegados. Mas pode ser ela a candidata
[independentemente desta vitória em Porto Rico, porque a decisão final está nas mãos dos super delegados que ninguém elegeu].
Estou convencido que a senhora Clinton será a candidata, mas o ridículo da situação é que em Porto Rico se gastaram hoje 3 milhões de dólares numa eleição para encontrar um candidato
[ou candidata]
que logo participará numas eleições em que nenhum habitante de Porto Rico poderá votar.
[Que viva a democracia do país que se vende como o melhor exemplo da dita!].
escrito por José Alberto, Porto Rico

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Para cumprir a democracia, não a dos Gregos e de Thomas Morus, ou More (como quiserem) gastam-se milhões! É tudo fogo de vista, pois será mais fácil um camelo passar pelo buraco duma agulha do que um Americano votar numa mulher!
A 1ª Constituição Americana, antes do Presidente Lincoln, fazia uma lista dos homens livres e não livres(não podemos esquecer que um dos Fathers, o Thomas Jefferson tinha escravos, e filhos de uma delas). No fim da lista vinham os negros e só depois as mulheres, brancas e negras.
Gabriela