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UNIVERSITÁRIOS DE PORTO-RICO EM GREVE


Os estudantes universitários de Porto Rico estão em greve geral há várias semanas, naquele que já é considerado o mais prolongado e agudo confronto de um sector da sociedade porto-riquenha com a impopular administração do governador Luis Fortuño
[que declarou a educação superior um “privilégio” demasiado custoso para os cofres públicos].
A "seriedade" do caso manifesta-se, por exemplo, no facto de, por ordens da polícia, os grevistas serem impedidos de receber água, alimentos e outros artigos de primeira necessidade
[tal como numa Declaração de académicos e académicas porto-riquenhos nos Estados Unidos sobre o conflito, onde se faz o ponto da situação. Ou na aprovação de uma moção exigindo a renúncia de todos os reitores que não tenham respeitado a política de não confronto. Ou na prisão de manifestantes].
Deixo aqui uma série de textos e uma foto-galeria, ambas do jornal Claridad, sobre esta luta.

escrito por ai.valhamedeus

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SÓNIA NO TRIBUNAL SUPREMO USA

Obama Sónia Sotomayor

O Presidente Obama continua a irritar a classe que por oito anos gozou com a maioria das decisiões do Bush junior. Agora foi a importantíssima nomeação da portorriquenha Sónia Sotomayor para o tribunal Supremo.

Nesse tribunal se cozinham as decisões que podem alterar por completo a vida do país. Basta recordar que Bush só foi presidente porque esse tribunal assim o decidiu, por encima dos resultados eleitorais. É por isso que todos os presidentes desejam poder nomear novos juízes e ter a maioria nesse poderoso tribunal, para que o poder Judicial não estrague a festa ao Executivo
[isso explica o descalabro a que se chegou, com o Executivo a permitir a tortura, a criação de Guantânamo, onde há prisioneiros há mais de cinco anos sem julgamento].
Que significa a nomeação de Sonia Sotomayor? Na prática talvez nada
[todos sabemos como o poder económico traga e digere tudo neste país],
mas a verdade é que há bons sinais de esperança se temos em conta a experiência de vida e profissional da nomeada. Esta filha de emigrantes pobres nasceu e cresceu num complexo residencial de assistência pública. Estudou sempre com uma bolsa de estudos e conseguiu abrir portas em ambientes até então destinados a homens «wasp»
[brancos, anglo-saxões e protestantes»].
Tem experiência em todas as facetas do direito: advogada, fiscal (ministério público) e juíza em todos os níveis da judicatura.

Até agora ainda ninguém lhe conseguiu descobrir fortunas. Vive com o salário de Juíza
[cerca de 12.000 euros por mês. Nada mau nos tempos que correm, mas nada que se pareça aos ganhos dos advogados ex-colegas dela!].
O tempo dirá se uma mulher mestiça, filha de emigrantes, feita com esforço e dedicação total ao seu trabalho pode fazer inclinar a balança para o lado da justiça para todos. Ou se, pelo contrário, se submeterá aos desejos de quem a nomeou, como tem sido costume.

Causalidade ou coincidência, esta nomeação foi feita no dia em que seis portorriquenhos foram acusados num tribunal USA por interromperem os trabalhos do Congresso com canções e cartazes que denunciavam a situação colonial do seu país. Serão julgados em breve. Pena possível: seis meses de cadeia ou 500 dólares de multa.

Tenho cá para mim que esta nomeação pode ser uma grande surpresa para todos.

escrito por José Alberto, Porto Rico

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A LUCIA DE DONIZETTI NA VOZ DE JOVENS

Lucia de Donizetti

Duas apresentações com casa cheia. Não se pode esperar nem pedir mais.

A prata da casa a provar que também se pode ser profeta na sua terra. E uma Lucia que não envergonhou ninguém
[mesmo sem ouvir a sua fantástiva voz, basta olhar para os olhos desta ruiva].
Cenários imponentes e muito práticos e uma orquestra dirigida com maestria e sensatez por um homem que já dedicou à ópera quase três dezenas de anos.

Os cantores, como disse, eram todos locais
[se bem é certo que todos eles passam a maior parte do ano como emigrantes...]
com muitas provas dadas
[alguns já veteranos em papéis desta ópera]
e muitas ganas de fazer boa figura numa sala por onde já passaram quase todos os monstros deste negócio
[incluindo o trio Plácido Domingo, Pavarotti e José Carreras].
Conseguiram-no. Yalí-Marie Williams
[nem pelo nome nem pela figura é fácil de a identificar como portorriquenha]
como Lucia e Rafael Dávila
[que vi nascer e crescer neste mundo musical quando ele estudava na universidade e que cravei algumas vezes para festas do meu Departamento]
como Edgardo, fizeram gala de uma técnica apurada e de uma entrega que já se esperava. Fixem o nome de Yalí-Marie, porque vão ouvi-lo muitas vezes a partir de agora. Tem uma voz excepcional, boa presença em palco e uma figura que não deixa desviar os olhos do palco.

De regresso a casa pensava eu que naquele tempo as pessoas morriam por amor. Agorra morre-se mais por petróleo e cocaína
[Mudam-se os tempos...].
Ah! Enquanto no palco só havia jovens, o público estava formado, em mais de 90% , por gente entradota em anos
[tipo terceira idade, velhotes, reformados, com os pés prá cova].
A malta nova não gasta dinheiro nestas coisas. Para isso inventaram neste país o Regueton.
[Não se mudam só os tempos....]
escrito por José Alberto, Porto Rico

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LÓGICA DA CONTRADIÇÃO

Durante toda esta semana H Clinton e O Obama andaram metidos em todos os bairros de Porto Rico
[incluindo alguns de muito má reputação].
Buscavam votos. Votos para a as primárias do Partido Democrata dos Estados Unidos de América. Cada um deles espera ser o ungido, eleito para disputar com o republicano a ocupação da Casa Branca.

Até aqui tudo normal e nada que se pareça a um gancho noticioso. Mas... a normalidade esconde uma grande anormalidade.

Porto Rico é uma colónia dos Estados Unidos desde 1898. Desde a década dos 50 tem o privilégio de poder escolher o seu próprio governo local. Ou seja, os governadores já não são nomeados por Washington. Desta maneira, cada 4 anos há um simulacro de democracia em Porto Rico: três partidos disputam entre si quem governará a colónia. Até agora dois dos três partidos têm feito o alterne do poder.

Cada 4 anos, no mesmo dia em que Porto Rico elege o seu governador, os Estados Unidos elegem o Presidente. O Presidente que exercerá o poder sobre Porto Rico. Mas...
[ó meus queridos deuses do Olimpo]
nenhum habitante de Porto Rico votou pelos candidatos a presidente. Isto é, ou seja, quer dizer, o indivíduo que vai mandar, que vai decidir sobre a vida dos habitantes de Porto Rico, não recebeu um só voto desses habitantes. Ou seja, nenhum habitante de Porto Rico lhe deu mandato algum.

Em conclusão
[para os mais distraídos]
os habitantes da colónia de Porto Rico não podem votar pelo Presidente da metrópole que os governa.
[Viva a democracia portuguesa que permitia que os moçambicanos, angolanos et al. votassem pelo Américo Tomás].
Mas a anedota começa aqui: durante duas semanas, Clinton e Obama andaram por aqui como se fossem a disputar a governação de Porto Rico. Prometeram o que tinham e o que não tinham.
[Magnânimos.]
Prometeram resolver todos os problemas da colónia.
[Magos.]
Hoje foram as eleições. Clinton contra Obama. Pela governação? NÃO. Pela candidatura democrata à presidência dos Estados Unidos de América.

Ganhou a senhora Clinton folgadamente. Mas, que ganhou ela? NADA. Esta vitória não adianta absolutamente nada porque Obama mantém o maior número de delegados. Mas pode ser ela a candidata
[independentemente desta vitória em Porto Rico, porque a decisão final está nas mãos dos super delegados que ninguém elegeu].
Estou convencido que a senhora Clinton será a candidata, mas o ridículo da situação é que em Porto Rico se gastaram hoje 3 milhões de dólares numa eleição para encontrar um candidato
[ou candidata]
que logo participará numas eleições em que nenhum habitante de Porto Rico poderá votar.
[Que viva a democracia do país que se vende como o melhor exemplo da dita!].
escrito por José Alberto, Porto Rico

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ACABAR COM OS PROFESSORES

Federación de Maestros de Puerto RicoEsta parece ser a política, a meta, o desejo, a ideia-mestra de muitos governos actuais. Sempre houve uma certa dorzinha contra «esta gente». Que o digam Platão e Sócrates

[que não eram socretinos]
para citar só dois dos que durante séculos «passaram o Niagara em bicicleta» e «comeram as passas do algarve» ou «o pão que o diabo amassou».

Em Porto Rico esta moda careca da posmodernidade também esquentou o cérebro de alguns políticos. Há um par de anos, uns brilhantes deputados decidiram aprovar uma lei que finalmente permitia a sindicalização dos empregados públicos. Como bons patrões e políticos socretinos, legislaram que tais sindicatos não teriam direito à greve. Vá lá o leitor saber como é que alguém pode aceitar uma coisa tão estúpida como esta!

As coisas foram correndo até que a Federação dos Professores
[depois de dois anos de negociação do novo Convénio Colectivo que o governo torpedeou constantemente]
decidiu pedir um voto de greve aos seus sócios. Foi aprovado quase por unanimidade. «Caiu o carmo e a trindade». O governo gritou que era uma blasfémia e pediu
[exigiu]
a descertificação do sindicato por ter incitado à greve. Os juristas «puseram o grito no céu»: Como é que se pode penalizar uma intenção? Um delito só o é quando se comete, não quando se anuncia ou defende.

Mas o governo... zás.: fez desaparecer o sindicato da face legalista da terra. Mas teve um pequeno problema: não conseguiu eliminar os seus 44.000 sócios.

Entre idas aos tribunais e tentativas de retomar as negociações, a Federação dos Professores decidiu mesmo avançar com a greve
[esse monstro ilegal]
no dia 21 de Fevereiro. Durante estes 7 dias de greve o sistema de educação está «congelado» em todo o país. Entre a militância dos grevistas e a repressão policial, assistimos a uma verdadeira guerra de palavras nos meios de comunicação social. A Federação reivindicando uma contundente vitória porque paralisou o sistema; o governo aceitando a paralisação mas atribuindo o êxito aos alunos, não aos professores
[esta não lembraria nem ao próprio Sócrates pê-esse].
O governo afirma que 70% dos professores assistem diariamente aos seus lugares de trabalho, mas só recebem 30% dos alunos. Esses professores que não estão em greve, afirma o governo, picam o cartão e mandam os alunos para casa. E acusa o sindicato de estar a meter os grevistas nas escolas para coarctar o direito dos estudantes ao ensino
[esta também não lembraria ao referido Sócrates].
Neste sentido o governo tem razão. Há professores em greve em ambos os lados dos portões. Mas nesta greve há algo ainda mais notável: a participação das comissões de pais. Todos reconhecem que o sindicato acertou ao usar a táctica de colocar o acento nos pais e alunos. Sendo uma greve ilegal, os professores que não trabalhem não só não recebem o salário mas podem ser despedidos com justa causa.

Esta táctica tem o governo à beira de um ataque de nervos. Todos os dias surgem novas ameaças aos professores, mas uma coisa é certa: se não há alunos... como exigir aos professores que trabalhem?

Neste momento –sétimo dia de greve- há um impasse tipo nó-cego: o governo nega-se a retomar as negociações porque a Federação não existe e já não representa os seus sócios. A Federação diz que não termina a greve se não lhe devolvem a certificação e sem uma garantia de que se aprovará o Convénio num tempo razoável.

Aqui fica a minha total solidariedade com os professores de Portugal e Porto Rico.

escrito por José Alberto, Porto Rico

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PABLO CASALS OUTRA VEZ

Chegou de novo o Festival Pablo Casals a São João de Porto Rico, pátria adoptiva do grande violoncelista. Todos os anos se celebra, se festeja, se goza esta figura.

A inauguração esteve a cargo da Orquestra Filarmónica de Dresden, dirigida pelo espanhol Fruhbeck de Burgos. Escolha acertada. O clímax da noite foi atingido quando a Orquestra acompanhou a jovem pianista Simone Dinnerstein.

Umas horas antes do concerto, a pianista disse à imprensa: «A minha grande ilusão é que cada vez que alguém me oiça, a sua vida seja um pouco melhor... mesmo que seja só por alguns momentos». Durante o concerto e muitas horas depois... a minha vida foi um pouco melhor.

Tocou, totalmente de memória, o Concerto N. 5 (Imperador), de Beethoven. Realmente impressionante. Tocou, viveu, fez ouvir, fez viver.

A pianista de Nova Iorque, galardoada com o Prémio Classical Recordien Foundation, em 2006, pela gravação de Variações Goldberg, de Bach, escolheu um piano Steinway, de entre os três postos à sua disposição pelo Centro de Belas Artes, onde decorre o Festival.

O Festival já valeu a pena só pelo concerto de inauguração. Mas há muito mais. Se foi assim o aperitivo... faz-se-me a boca lapacheiro ao pensar em todos os pratos que faltam, incluindo os doces e as bebidas.

escrito por José Alberto, Porto Rico

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COM ALGUMA GORDURA E MUITA CORDURA

Comodamente sentado na Sala de Festivais do Centro de Belas Artes, em São João, dei comigo a olhar para a grande quantidade de músicos gordos. Se «gordura é formosura», este concerto seria uma passagem de modelos. E desfilaram realmente grandes modelos: Régis Pasquier, violino, Roland Pidoux, violoncelo e Jean-Claude Pennetier, piano

[Trio de Piano de Paris]
interpretando Tchaikovsky, Beethoven e Stravinsky
[na companhia da excelente Orquestra Sinfónica de Porto Rico].
No regresso a casa pensava eu de que....
[muito pintodacostamente]
às vezes os «ditos populares» acertam na bola: «mal de muitos é conforto» dizem...
[conforto de tolos, dizem outros].
No caso de Pablo Casals,
[o catalão a quem Franco não conseguiu calar o violoncelo nem a consciência]
a perda da Espanha foi o ganho de Porto Rico. Nesta ilha caribenha, Don Pablo iluminou o firmamento musical e elevou o violoncelo a galáxias jamais imaginadas.

Depois da sua morte, o Festival que certeiramente se apoia no seu nome, recorda em Porto Rico o virtuoso maestro e a sua obra. Durante muitos anos, por esta época, músicos da estatura musical de Yo Yo Ma animam o panorama musical da ilha e recordam carinhosamente Don Pablo.

O insigne músico regressou à Catalunha depois da morte de Franco, como era seu desejo, mas numa caixa de pinho
[porque a morte, muito vicentinamente, silenciou o seu violoncelo antes de silenciar a voz do ditador].
Porto Rico ganhou muitas outras figuras intelectuais espanholas que não venderam a sua alma ao fascismo. Na grande galeria de artistas, filósofos e professores, destaca-se também a estrela de primeira grandeza que foi Juan Ramón Jeménez, Prémio Nobel da Literatura, 1956.

escrito por J. Alberto, Porto Rico

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