Em tempo de férias, quero dizer, de viagens, comprei, na Fnac, Por tierras de Portugal y de España de Miguel de Unamuno
Esta colecção de artigos sobre a literatura e as terras portuguesas e espanholas
abre com um texto sobre Eugénio de Castro. Para Unamuno, a obra de eleição deste "delicadíssimo poeta português" é Constança, "a sua obra mais profundamente portuguesa", dedicada à tragédida da enamorada alma da mulher legítima do infante D. Pedro, enamorado por Inês de Castro.
[Madrid: Alianza Editorial, 2006].
[escritos entre 1906 e 1909 e reunidos, a primeira vez, em 1911]
Prossegue a viagem com um segundo texto sobre a literatura portuguesa contemporânea
[segundo Unamuno, "a literatura portuguesa, a que merece ser lida, data do século passado [o 18], do período romântico, da época de Almeida Garrett e de Herculano].
E visita-se João de Deus, Antero, António Nobre, Eça, Correia de Oliveira, Camilo...
Depois, viaja-se por doze páginas que percorrem As sombras de Teixeira de Pascoaes -- e, logo, oito sobre o assassinato do rei D. Carlos (escritas em Fevereiro de 1908) e algumas mais sobre o Portugal pós-regicídio (Julho do mesmo ano). Estas últimas, nascidas em Espinho, onde nasceu também, no mês seguinte, um capítulo dedicado ao culto d'As almas do Purgatório em Portugal, ao culto dos mortos, à religiosidade portuguesa -- guiado pela pena de Herculano.
E a viagem a Portugal continua pela pesca de Espinho, por Braga
[ir a Braga "é um dos deveres do turista, iniludível para o que quiser escrever sobre o pitoresco desta terra"],o Bom Jesus do Monte, Guarda, o povo português
[uma visita a Lisboa é pretexto para uma excursão a "um povo suicida", um povo triste mesmo quando sorri, de escritores que se suicidaram, de meiguice apenas à superfície...],
Alcobaça. Sempre na companhia da literatura e da cultura lusas.
E entra-se em Espanha. Em Barcelona, Guadalupe, Yuste, a Ávila dos Cavaleiros... E no "espírito" das excursões, no "espírito" das grandes e das pequenas cidades, no sentimento da Natureza, numa excursão de Oñate a Aitzgorri, numa subida ao santuário de San Miguel de Excelsis em Navarra, numa análise das terras e das gentes da Galiza e das Canárias, na lagoa de Tenerife, nas terras extremeñas de Trujillo
[e em assuntos como a paixão pelo jogo].
E despedimo-nos com um aperto de mão, "esta misma mano com que trazo estas líneas: Chóquela, amigo; nos hemos entendido".
escrito por ai.valhamedeus
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