Fui surpreendida pela voz ainda jovem da mulher ao meu lado. Saco de compras na mão, afirmou perante o sorriso condescendente e divertido dos circundantes:
– Tenho 87 anos e nunca estive doente. Nunca usei nada na cara, a não ser batom!
E era verdade. Lá estava o tom vermelho a atestar a garridice. O vestido de manga cava traía-lhe a idade, mas a ela não se lhe dava...
– E casou com um homem mais novo 13 anos! – revelou a menina da caixa; uma gordinha que, se os médicos não estiverem enganados, não chegará àquela idade. – E olhe que agora não se nota nada, pelo contrário.
Amaldiçoei logo ali a decisão, tomada há anos, de não juntar as minhas às idiossincrasias de alguém com onze anos menos! Coisas do destino?
Depois ela declinou a morada em Faro, e a outra em Lisboa, desejou felicidades a todos e saiu. Não antes de ter afirmado que “o marido não me serve de nada”.
Saí com ela e, com efeito, lá estava ele à espera. Pacientemente à espera, com o carrinho das compras por companhia. Ela interpelou-o e virando-se para mim disse:
– Tenho um marido que não me serve para nada. Não vamos a lado nenhum. Só quer estar em casa. Vai cá ficar tudo para os outros.
Os outros seriam uma filha que disse ter
– Tenho 87 anos e nunca estive doente. Nunca usei nada na cara, a não ser batom!
E era verdade. Lá estava o tom vermelho a atestar a garridice. O vestido de manga cava traía-lhe a idade, mas a ela não se lhe dava...
– E casou com um homem mais novo 13 anos! – revelou a menina da caixa; uma gordinha que, se os médicos não estiverem enganados, não chegará àquela idade. – E olhe que agora não se nota nada, pelo contrário.
Amaldiçoei logo ali a decisão, tomada há anos, de não juntar as minhas às idiossincrasias de alguém com onze anos menos! Coisas do destino?
Depois ela declinou a morada em Faro, e a outra em Lisboa, desejou felicidades a todos e saiu. Não antes de ter afirmado que “o marido não me serve de nada”.
Saí com ela e, com efeito, lá estava ele à espera. Pacientemente à espera, com o carrinho das compras por companhia. Ela interpelou-o e virando-se para mim disse:
– Tenho um marido que não me serve para nada. Não vamos a lado nenhum. Só quer estar em casa. Vai cá ficar tudo para os outros.
Os outros seriam uma filha que disse ter
(a meu ver, sem grande entusiasmo).
Provavelmente um genro gastador daquilo que amealharam, e netos mimados. Ainda tentei dar algum préstimo ao marido, que olhava, alheado, quem passava, referindo a ajuda no transporte das compras.
– Ora …, disse ela.
E lá abalaram. Ela de rosto ainda bonito, com a marca do batom a destacar-se, e ele sem marca que o iluminasse. Ela ostentando duas ou três jóias que trazia. Quiçá um pouco descabidas naquele contexto. Por falta de ocasião, ou actividade mais nobre (?) a justificá-las.
– Ora …, disse ela.
E lá abalaram. Ela de rosto ainda bonito, com a marca do batom a destacar-se, e ele sem marca que o iluminasse. Ela ostentando duas ou três jóias que trazia. Quiçá um pouco descabidas naquele contexto. Por falta de ocasião, ou actividade mais nobre (?) a justificá-las.
[Faro, 04 de Outubro de 2008. Porque hoje é Sábado e dia de compras].
escrito por Gabriela Correia, Faro
1 comentário(s). Ler/reagir:
Pobre ansiã
Ir pescar marido 13 anos mais novo e ficar tudo em águas de bacalhau
É bem verdade
Alguns casamentos acabam bem
outros duram toda a vida!!!
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