Um texto do Público do passado dia 22 alerta para os perigos para a saúde que podem vir das lâmpadas de baixo consumo, propagandeadas com vestimenta ecológica. Aqui o deixo:
Afasta de mim essa lâmpada
22.10.2008, Ana Gerschenfeld
Já trocou as lâmpadas todas lá de casa por lâmpadas de baixo consumo, que protegem o ambiente e a sua factura da EDP? Então veio ter à página certa e tem de ler o que se segue. E se ainda não trocou também.
Podem ser ecologicamente correctas e dividir a nossa conta da electricidade por seis no fim do mês, mas é de admitir que as lâmpadas incandescentes de baixo consumo, que têm começado a invadir as nossas casas, são uma seca por várias razões. Mudam a cor da mobília
(uma mesa que à luz do dia é amarelo-mostarda passa a ter um tom verde-cocó, por exemplo);não se acendem logo, o que faz com que às vezes pareçam ter avariado
(o que seria de mau gosto, uma vez que são supostas ser de longa duração);e demoram a "aquecer", deitando inicialmente uma luz tétrica sobre o mundo. Tudo bem: com estas pormenores conseguimos viver, desde que seja por uma boa causa e alivie o nosso orçamento doméstico.
O assunto já não é tão pacífico quando nos vêm dizer que as ditas lâmpadas poderão ser perigosas para a saúde. Ora, um alerta oficial, emitido há uns dias pela idónea Agência de Protecção da Saúde britânica (HPA), afirma exactamente isso: que certas lâmpadas económicas emitem radiações ultravioletas (UV) que ultrapassam as doses recomendadas, havendo "o risco imediato [de] uma irritação da pele semelhante à de um escaldão" e que "há também um pequeno risco adicional de cancro da pele".
Já em Abril, a mesma agência tinha alertado para o facto de as lâmpadas de baixo consumo conterem mercúrio, explicando porém que o risco para a saúde de uma fuga deste metal em caso de ruptura era muito reduzido, dadas as quantidades envolvidas
("4 miligramas por lâmpada - apenas suficiente para cobrir a ponta de uma esferográfica").Mesmo assim, aconselhava-se "evitar o contacto desnecessário com o mercúrio", bem como com os estilhaços de vidro - nada mais razoável.
Mas perante o mais recente aviso, ficamos mesmo totalmente confusos. Afinal, será que fizemos bem em mudar TODAS as lâmpadas lá de casa para as de baixo consumo para poupar electricidade e reduzir as emissões de carbono? A saúde dos nossos filhos - e a nossa - não valem mais do que isso?
Mas comecemos pelo começo: antes de mais, o alerta agora emitido apenas se aplica às lâmpadas ditas "abertas" ou não encapsuladas - ou seja, àquelas onde os tubinhos que contêm os filamentos incandescentes estão à vista. As outras, as "encapsuladas", que têm o aspecto de uma lâmpada incandescente normal, não apresentam problemas, dizem-nos no site da HPA.
Don't panic!
De qualquer forma, o problema tem solução e ela não passa por deitar as lâmpadas para o caixote do lixo. "Se tem lâmpadas incandescentes de baixo consumo em sua casa", diz ainda a HPA, "não precisa de se preocupar, a menos que utilize lâmpadas abertas a uma distância da sua pele inferior a 30 centímetros durante mais de uma hora por dia." O texto prossegue: "Se precisa mesmo de uma lâmpada a grande proximidade durante um período prolongado, então sugerimos que mude a lâmpada e coloque uma lâmpada de baixo consumo de tipo encapsulado. Ou então, afaste a lâmpada até ela ficar a pelo menos 30 centímetros de distância." Ou seja, mude a lâmpada do candeeiro de secretária, ao pé do computador, e as dos candeeiros das mesinhas de cabeceira, se costuma ler na cama até altas horas da noite. Entretanto, a HPA e o Ministério britânico da Saúde já apelaram "à União Europeia, às entidades de regulação industrial e à indústria da iluminação para que considerem formas de reforçar as normas dos seus produtos".
Os números que motivaram o alerta provêm de um estudo realizado pela equipa de Marina Khazova, da HPA, que foi publicado online na revista Radiation Protection Dosimetry. Entre outras coisas, estes investigadores estimam que se uma pessoa se encontrar "a grande proximidade (2 cm) de algumas lâmpadas não encapsuladas, os níveis de radiação UV podem ser equivalentes à exposição solar num dia de sol no Verão no Reino Unido, o que exige algumas precauções". Sem referir marcas, constatam que, em cerca de 20 por cento das lâmpadas testadas, "o limite de exposição a grande proximidade teria sido ultrapassado em menos de dez minutos" e que para cerca de metade das lâmpadas isso aconteceria "passada meia hora". "A distâncias maiores (20 cm), apenas oito por cento das lâmpadas ultrapassaram, ao fim de oito horas, as doses diárias máximas recomendadas na UE
(pela Comissão Científica para os Riscos para a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados, ou SCENIHR).
O alerta, precisa a HPA, é de "carácter provisório" e poderá ser afinado mal outros investigadores, que também se estão a debruçar sobre a questão, tenham resultados suplementares.
1 comentário(s). Ler/reagir:
Sabes o problema é que as velhas lâmpadas Edison (incandescência) já não darem royalities a ninguém por as patentes terem expirado, o problema dito eco é uma treta, as lâmpadas Edison e custam 10 cêntimos e geram lucro para o fabricante, poderiam durar 3x ou 4x mais se os fabricantes quisessem (ver a situação das de halogéneo)as outras poluem os países onde são fabricadas com metais pesados e quimicos e temum preço de fabrico 4 ou 5x superior, mas como pagam pelas patentes são permitidas por alegadamente "gastarem menos" será? no arranque gastam um disparate mais, tem uma duração limitada porque cada vez que se acendem vão fundindo um pouco...
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