Para que tudo "isto"
[refiro-me ao actual momento de luta dos professores]seja transparente e não haja "desilusões", os professores devem avisar os menos avisados
[designadamente, aqueles que estão menos informados sobre a situação do Ensino em Portugal; designadamente, o sr. Escusa que pediu serenidade]que, previsivelmente, a luta dos professores não vai terminar
[embora serene, com toda a certeza]
com a suspensão deste modelo de avaliação. É que este modelo é apenas reflexo/consequência de uma determinada "filosofia" da Educação/Ensino, defendida e posta em prática por este governo pê-èsse. Estoirado este modelo de avaliação, há uma série de outras "coisas" que têm que estoirar.
Um dos quase-horrores frequentemente apontados a este modelo é o seu carácter burocrático. Papelada em cima de papelada
[para os "leigos" terem uma ideia, basta consultarem sítios como este].
Diz-se por vezes, dizem os governantes, que são as escolas que exageram e parece que a ministra teria mesmo dito que bastaria aos professores preencherem uma folhita
[faltou-lhe dizer que folhita era, para eu não ter que preencher mais nenhuma].É possível que algumas escolas tenham exagerado, mas até isso é compreensível. Por, pelo menos, duas razões:
- é o modelo que conduz a isso
[um dia destes, demonstro isto melhor];
- os professores estão habituados a tentar anular o mais possível a subjectividade da avaliação; esse objectivo consegue-se tanto mais
[sendo impossível anular totalmente a subjectividade a qualquer avaliação]
quanto mais se especificarem comportamentos observáveis que permitam tornar o processo menos arbitrário. Fazem isso com a avaliação dos alunos e é compreensível que o façam com a avaliação dos professores.
Mas não são os "exageros" de algumas escolas que tornam este modelo burocrático. Este modelo é inevitavelmente burocrático. E o que este governo pê-èsse fez à avaliação dos professores fez à profissão docente no seu conjunto: burocratizou-a de modo incrível
[e isto também tem que levar volta, porque o mais importante, na actividade do professor, é ensinar e são as actividades que podem melhorar esse ensino].Dou apenas uma amostra, a partir do meu caso pessoal.
Às quartas-feiras, entro na Escola um pouco depois das 8h da manhã, para começar a trabalhar às 8.25h. Descontado um intervalo para almoço, não saio da Escola antes das 18h e, bastantes vezes
[basta ter reunião de Conselho Pedagógico -- e tenho, em média, mais do que uma por mês],
saio quase 12 horas depois de ter chegado, de manhã. Ora... dessas quase 12 horas de trabalho na Escola, são ocupadas a "dar" aulas e/ou a preparar aulas... 0 horas. Repito, para o caso de alguém pensar que me enganei: zero (0) horas. Nem uma única aula, nem um único minuto para "preparar" aulas. Quando chego a casa, às vezes ainda tento "dar uma olhadela" nas aulas que tenho, no dia seguinte, às 8.25h; na maioria dos casos
[mas nem sempre...],
já não "tenho cabeça", ou não tenho pachorra, ou... acho que, no trabalho, também tem que haver decência.
E não venham os governantes dizer que são as escolas que exageram; isto resulta apenas do cumprimento das disposições legais deste governo pê-èsse. Isto é reflexo/consequência de uma determinada "filosofia" da Educação/Ensino, defendida e posta em prática por este governo pê-èsse. E isto tem que mudar!... Não é o trabalho que está em questão: está em questão o trabalho inútil para a actividade de ensinar.
escrito por ai.valhamedeus
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