Para não esquecer...

NO ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DO POETA RUY BELO

Hoje comemora-se o nascimento, em 27 de Fevereiro de 1933, do poeta Ruy Belo. A 08 de Agosto de 1978, ano em que reedita “Homem de Palavra(s)”, e quando se preparava para concorrer ao lugar de Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa, instituição que sempre lhe recusara, no anterior regime, a possibilidade de nela leccionar, morre subitamente, vítima de edema pulmonar.

Aqui transcrevo poemas de sua autoria que podeis encontrar em “Todos os Poemas”, tomo I da Assírio & Alvim.

DESENCANTO DOS DIAS

Não era afinal isto que esperávamos
não era este o dia
Que movimentos nos consente?
Ah ninguém sabe
como ainda és possível poesia
neste país onde nunca ninguém viu
aquele grande dia diferente
[Ruy Belo, In Todos os Poemas, Tomo I, 2004, pag.91]

O TEMPLO

É onde se não vai directamente e no entanto o espaço vence
Muitos dos gestos para já não dizem nada
e sobretudo há o silêncio e há mãos para tudo
o que sobeja. Eu ia à minha vida
e entro e não sei da minha vida
Eu tinha gente à espera, assuntos sítios onde ir
e um amigo cresce cresce. E saio para a rua
e depressa -- ai de mim -- há fim em quanto faço
Já fui uma criança e quase sempre esqueço
[Ruy Belo, Idem, pag. 200]

TURISMO

Eu vi morrer um homem e caminho
Vários motivos de morte e uma
agenda mas
almoço
Há mesas e cadeiras e passeios e
sabe-me
a café
Mistério de maresia ou de ninguém
[Ruy Belo, Ibidem, pag. 232]
escrito por Gabriela Correia, Faro

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