Para qualquer aluno do 10º ano, a distinção entre juízo de facto e juízo de valor é um assunto básico.
Se eu disser "José Sócrates recebeu dinheiro para o licenciamento do Freeport", emito um juízo de facto. Pode ser um juízo verdadeiro ou falso, mas, em qualquer dos casos, um juízo de facto.
Se eu disser "José Sócrates é mentiroso", emito um juízo de valor.
A distinção entre juízos de facto e juízos de valor é polémica
[nalguns casos, é difícil decidir se o juízo é de facto ou de valor; há, por outro lado, quem defenda que qualquer juízo de valor é um juízo de facto complexo],mas é importante, por várias razões. Por esta, por exemplo:
Um juízo de valor pode ser refutado com factos: se um qualquer dirigente do pê-èsse disser que José Sócrates não é mentiroso e eu apresentar algumas situações em que ele de facto mentiu
[tarefa nada difícil],aquele juízo, de valor, no mínimo, estará em questão.
Já um juízo de facto dificilmente
(impossivelmente?)
pode ser negado através de juízos de valor, sobretudo se o juízo de valor é sobre quem emite o juízo de facto.
Nos últimos tempos, os juízos de facto sobre o envolvimento de José Sócrates no caso Freeport
[que se juntam aos muitos factos, pessoais e políticos, "estranhos" que sobre o dito têm sido apresentados desde que é chefe deste governo pê-èsse, não havendo memória de um político português tão vergastado com factos]têm-se multiplicado ao ritmo em que se multiplicam as subsequentes aparições de figuras públicas
[e do próprio]a defender o chefe negando os factos através da emissão de juízos de valor. Indevidamente. Alberto Martins poderá chamar caluniadores, intrigadores, invejosos ou maldizentes
[tudo juízos de valor, ontem emitidos]aos que apresentam os factos acima referidos; mas não são tais gritos que provam que os juízos de facto são falsos. Mesmo que, em vez de Alberto Martins, seja Mário Soares a gritar
[como também gritou ontem, ao modo do seu sereno gritar].Até porque emitir juízos de valor sobre os autores de juízos de facto facilmente resvala para uma falácia ad hominem.
escrito por ai.valhamedeus
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