Para não esquecer...

ÁGORA [5] eppur si muove

Com o título do título deste "post", alunos de uma turma da Escola Secundária Emídio Navarro de Viseu levaram, no passado dia 4 de Maio, ao Teatro Mirita Casimiro, da cidade, "aspectos da vida desse grande génio que foi Galileu". A iniciativa está integrada num projecto de Área de Projecto da turma, orientado pela professora Graça Martins, a que foi dado o nome genérico de Doze Graus Celsius e inclui várias iniciativas
[conferências/debates, concerto musical comentado,...]
destinadas à comunidade escolar. Baseada em "A vida de Galileu" de Brecht, Eppur si Muove foi integrada pela Câmara Municipal da cidade no Festival Teatro Jovem
[ainda que por ela publicitada com o título errado de Eppum si Muove].
A peça é rica em ideias com interesse para os alunos de Filosofia, particularmente os do 11º ano. Destaco estas, relativas à nova ciência Física, em construção nos tempos de Galileu:
  • a libertação (progressiva) do dogmatismo. Galileu aparece, desde o início, a proclamar que há muitas descobertas a fazer, o que exige uma abertura constante do espírito a novos conhecimentos;
  • a atenção da nova ciência dirige-se aos fenómenos observáveis e recusa a procura das "causas últimas"
    [remetendo-as para a religião].
    Quando a Galileu lhe é perguntado, insistentemente, onde fica Deus no seu Universo, ele responde que não sabe, porque... é cientista e não teólogo. Deste modo, defende a autonomia da ciência em relação à religião;
  • na nova ciência a observação e a hipótese têm um lugar privilegiado. O apelo constante de Galileu à observação através do telescópio contrasta com o pedido expresso
    [recorde-se a primeira cena em Florença]
    para que o cientista argumente racionalmente a favor das suas teorias -- um pedido recusado, obviamente. Recusa igualmente que se procure nos livros
    [na Bíblia e nos livros de Aristóteles]
    o saber que deve ser encontrado pelo cientista na natureza.

escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

rodz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Um projecto que foi muito mais além da simples disciplina que é Área de Projecto!
Aprendi muito e grande parte do que aprendi infelizmente já não se ensina na escola, pois diz-se que o tempo é escasso e tem de se cumprir o programa.
A cultura foi trazida para a sala de aula, nunca esquecendo a parte teórica, mas dando um pouco mais de valor à parte prática.
Tive tanto prazer que até me custa dizer que eram aulas :) gostei, muito mesmo.
Lénia Amaral Grupo de Teatro 12ºC

Ginkga disse...

Antes de mais gostaria de salientar o meu desagrado perante a existência de material fotográfico contendo a minha personagem! ;p

Agora deixando d brincar..ou melhor..brincando mais um pouco..Gostei bastante da peça teatral. Além de ser um assunto do meu interesse foi bem condensado e cheio de vertentes da época.

É de salientar a explosão da ciência, a mudança na forma de pensar e, apesar do oportunismo de Galileu, a forma como este tomou como exemplo e aprofundou o seu conhecimento.

Com Galileu passamos a ter uma ciência mais experimental, a partir de objectos de estudo - tal como o telescópio - pondo de lado os livros escritos por Aristóteles ou até a Bíblia. Esta forma de "fazer ciência" veio revolucionar o pensamento de certas pessoas e gerar conflito na igreja. Por este motivo Galileu foi a julgamento e, negando tudo o q tinha dito anteriormente relativamente a uma não existência de um modelo geocêntrico, por exemplo, como nos dizia Aristóteles e a Igreja, levou a q este não tivesse sido morto.

Como já expressei a minha opinião em sala de aula, foi uma atitude de "fraco"! Teria tido muito mais impacto se ele tivesse ido para a fogueira.. x'D

No entanto, bem sei q assim, este ainda conseguiu escrever obras q de outra maneira nc chegariam ao dia de hj.

A forma como Galileu separa ciência de religião, mostra-nos q não existe um binómio entre estas duas palavras. Galileu era cientista, não teólogo. Isto, fazia toda a diferença. Por isso, se deixava a Bíblia de lado e a Igreja não iria aceitar tal coisa.

Valeu a pena :D

[Ana Filipa n.º3 - 11ºA]