Para não esquecer...

AS PROVAS DE AFLIÇÃO

Durante o dia de hoje, mais do que uma vez, nas rádios e jornais tive a oportunidade de ouvir/ler as notícias relativas aos "manuais de instrução" das provas de aferição que começam amanhã. Impressionaram-me particularmente o pormenor das instruções e aquela advertência de que os professores as deveriam ler e não decorá-las ou dizê-las por palavras próprias.

Como nunca vigiei provas de "aflição", incrédulo, pedi o manual a uma amiga que amanhã irá aplicar
[os professores que vigiam as provas são designados por os aplicadores. Poderão não ser professores? se não podem, por que não são designados por professores?]
as provas de Português. Inacreditável! lá estão 26 páginas que se destinam "a assegurar que as provas sejam aplicadas da mesma maneira em todas as escolas" (negrito do manual) e devem ter uma "leitura conjunta para esclarecimento de dúvidas" em reunião de aplicadores convocada para o efeito.

Há indicação expressa e destacada para que "Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste Manual" (sic! "Manual"! Com maiúscula!). O que dizem as instruções? Ilustro, a partir da 1ª primeira página, e só desta, para não maçar o leitor:

. Quando os alunos estiverem calmamente sentados, e antes de proceder à abertura do(s) envelope(s), leia em voz alta:
(2º ciclo): Como já sabem, os alunos que frequentam o 6º ano de escolaridade vão, à mesma hora, realizar esta prova.
. Continue a leitura em voz alta:
Passo agora a ler os cuidados a terem ao longo da prova.
Em primeiro lugar, chamo a atenção para o facto de não poderem falar com os vossos colegas, durante todo o tempo da prova.
No caso de terminarem a prova antes do tempo, deverão aproveitar para reverem o que fizeram.
Mas, se tiverem algum problema que não tenha a ver com as questões da prova, levantem o braço e esperem que chegue ao pé de vocês.
Estou a ser claro(a)?
Querem fazer alguma pergunta?
E as restantes páginas são deste jeito. Mesmo assim, apesar da minúcia, não suficientemente claras em alguns pontos. Por exemplo, as últimas palavras que o aplicador dirige aos alunos são
"Podem sair. Obrigado(a) pela vossa colaboração".
Mas, desta vez, além de estarem em itálico
[tudo o que é para ler aos aplicados está em itálico]
estão em negrito. Pergunto eu: deve o/a aplicador/a transmitir o negrito no tom de voz? se sim, não deveriam os/as aplicadores/as ter acções de colocação de voz para transmitirem o negrito do mesmo modo, de modo "a assegurar que as provas sejam aplicadas da mesma maneira em todas as escolas" (negrito do manual)?

Ai meu Deus! Virgem Santíssima do Altar!...

escrito por ai.valhamedeus

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

É por essas e por outras, que escolas houve, segundo me disseram, que mandaram as instruções às urtigas.
Lá se foi por água abaixo a padronização do acto.
Eta, paízinho a ficar mais cinzentão cada dia que passa.