Para não esquecer...

MÚSICA PARA O FIM DE SEMANA - a viagem de inverno

O barítono e maestro alemão Dietrich Fischer-Dieskau completou, esta semana, 84 anos.

Para mim, o nome de Fischer-Dieskau está automaticamente associado ao do pianista Gerald Moore e à interpretação conjunta dos lieder de Schubert. Por isso, a minha proposta musical para este fim de semana é aquela dupla interpretando Die Winterreise - A Viagem de Inverno de Franz Schubert.
Os textos de Die Winterreise de Wilhelm Müller que Franz Schubert musicou em 1827, um ano antes da sua morte, são um espelho do mito de Wanderer cujos demónios nos conduzem às regiões mais profundas e frias do ser. Influenciado pela literatura grega e romana, o folclore, a ópera e o drama alemães, e a poesia inglesa e alemã do século XIX, Müller escreve este ciclo de poemas entre 1822 e 1824 o ano da morte de Byron.
[o resto do texto está aqui].
[o cd está aqui: 1ª parte; 2ª parte; 3ª parte]

A 1ª canção tem o título Gute Nacht/Boa Noite (a seguir, Fischer-Dieskau é acompanhado por outro grande pianista: Alfred Brendel):



Texto alemão:
Fremd bin ich eingezogen,
Fremd zieh' ich wieder aus.
Der Mai war mir gewogen
Mit manchem Blumenstrauß.
Das Mädchen sprach von Liebe,
Die Mutter gar von Eh', -
Nun ist die Welt so trübe,
Der Weg gehüllt in Schnee.

Ich kann zu meiner Reisen
Nicht wählen mit der Zeit,
Muß selbst den Weg mir weisen
In dieser Dunkelheit.
Es zieht ein Mondenschatten
Als mein Gefährte mit,
Und auf den weißen Matten
Such' ich des Wildes Tritt.

Was soll ich länger weilen,
Daß man mich trieb hinaus ?
Laß irre Hunde heulen
Vor ihres Herren Haus;
Die Liebe liebt das Wandern -
Gott hat sie so gemacht -
Von einem zu dem andern.
Fein Liebchen, gute Nacht !

Will dich im Traum nicht stören,
Wär schad' um deine Ruh'.
Sollst meinen Tritt nicht hören -
Sacht, sacht die Türe zu !
Schreib im Vorübergehen
Ans Tor dir: Gute Nacht,
Damit du mögest sehen,
An dich hab' ich gedacht.
Tradução (rapinada daqui):
Como estrangeiro cheguei,
Como estrangeiro parto.
Maio me foi benfazejo
com muitos campos de flores.
Ela falou de amor,
sua mãe até de casamento;
agora o mundo está turvo
e o caminho coberto de neve.

Não posso escolher a hora
de minha viagem,
preciso achar meu próprio caminho
nesta escuridão.
Minha sombra, que a lua projeta,
é minha companheira de viagem,
e sobre os campos de neve
procuro as pegadas dos animais selvagens.

Por que ficaria aqui mais tempo,
para que expulsassem ?
Que vão os cachorros soltos
latir na porta de seus donos.
O amor ama viajar
de um lugar para outro,
foi Deus que assim o fez:
boa noite, minha querida.

Não quero perturbar seus sonhos,
por que turbaria sua paz ?
Você não ouvirá meus passos
quando suavemente eu fechar a porta.
Em minha saída escrevo
"Boa noite" em seu portão,
para que você veja
que esteve em meu pensamento.
escrito por ai.valhamedeus

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