Um dos mais usados argumentos a favor da existência de Deus é o argumento do desígnio. Nigel Warburton
[Elementos Básicos de Filosofia. Lisboa: Gradiva, 1998, p. 32ss]
explica-o assim:
Este argumento afirma que, se observarmos a natureza, não podemos deixar de notar como tudo é apropriado à função que desempenha: tudo mostra sinais de ter sido concebido. Isto demonstraria a existência de um Criador. Se, por exemplo, examinarmos o olho humano, verificaremos que todas as suas ínfimas partes se adaptam entre si e que cada parte está judiciosamente adaptada àquilo para que aparentemente foi feita: ver.
Os defensores do argumento do desígnio, tais como William Paley (1743-1805), defendem que a complexidade e a eficiência de objectos naturais como o olho são indícios de que tiveram de ser concebidos por Deus. De que outra forma poderiam ter chegado a ser como são? Tal como, ao observar um relógio, podemos ver que foi concebido por um relojoeiro, também ao observar 0 olho, argumentam eles, podemos ver que foi concebido por uma espécie de Relojoeiro Divino. É como se Deus tivesse deixado uma marca em todos os objectos que fez.
Este é um argumento que parte de um efeito e infere a sua causa: observamos o efeito (o relógio ou o olho) e tentamos descobrir o que o causou (um relojoeiro ou um Relojoeiro Divino) a partir do exame que fizemos. O argumento apoia-se na ideia de que um objecto que tenha sido concebido, como acontece com um relógio, é em certos aspectos muito semelhante a um objecto natural, como um olho. Este tipo de argumento, baseado na semelhança entre duas coisas, é conhecido como argumento por analogia. Os argumentos por analogia baseiam-se no princípio de que, se duas coisas são análogas em alguns aspectos, serão também, muito possivelmente, análogas noutros.
Este argumento do desígnio enfrenta várias objecções. Uma dessas objecções é a de que o argumento está baseado numa analogia fraca. Explico-me: num argumento por analogia, as "coisas" comparadas não têm que ser totalmente iguais, mas deve haver semelhanças relevantes entre elas. Por exemplo, há diferenças entre um homem e uma mulher, mas, se se trata do direito de votar, essas diferenças são irrelevantes e o que é importante é que ambos sejam seres racionais e com capacidade de decisão
[e com base nessas semelhanças poderíamos, então, defender que, se os homens têm o direito de votar, as mulheres também o deverão ter].
No caso do argumento do desígnio, trata-se de saber se as semelhanças entre um relógio e o Universo são ou não tão relevantes que nos permitam concluir que, sendo o relógio necessariamente obra de um relojoeiro, o Universo também deve ter um "criador" -- Deus. Se as semelhanças entre uma casa e o Universo não forem relevantes, então a analogia é fraca e a conclusão, também
[e é isto que defendem alguns filósofos como, por exemplo, Hume, no que respeita ao argumento que hoje nos ocupa].Voltemos a Nigel Warburton:
Uma objecção ao argumento apresentado defende que este se baseia numa analogia fraca: presume sem discussão a existência de uma semelhança significativa entre os objectos naturais e os que sabemos terem sido concebidos. Mas não é óbvio que, para usar mais uma vez os mesmos exemplos, o olho humano seja realmente como um relógio em todos os aspectos importantes. [...] Assim, por exemplo, um relógio de pulso e um relógio de bolso são suficientemente semelhantes para que possamos presumir terem ambos sido concebidos por relojoeiros. Mas, apesar de existir alguma semelhança entre um relógio e um olho — ambos são intrincados e cumprem as suas funções específicas —, essa semelhança é apenas vaga e quaisquer conclusões baseadas nessa analogia resultarão igualmente vagas.
Esta objecção é devida à beatice dos defensores do argumento do desígnio: estúpidos, para provar a existência de Deus socorrem-se de analogias que envolvem relógios e máquinas dessas... Fossem eles buscar exemplos como as máquinas que a seguir apresento... e veríamos como todas as objecções que invocam analogias fracas seriam literalmente arrasadas. Analogias fracas com máquinas destas?!...
[outras provas humanas -- AMaginations -- da existência de um divino criador estão aqui ou aqui. Ai Jesus! Até eu começo a acreditar em Deus!...]
escrito por ai.valhamedeus
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