Para não esquecer...

MÚSICA PARA O FIM DE SEMANA - folk art

Joe Lovano - Folk Art. Blue Note, dist. EMI

[está AQUI. Palavra-passe para descompactar: jazzclub]

Foi o Público, o seu suplemento Ípsilon, que me chamou a atenção para este Folk Art, aí classificado com 4 estrelas e meia, no máximo de 5, em termos que me levaram a concluir tratar-se de um jazz imperdível. Efectivamente...

O crítico Rodrigo Amado classifica Joe Lovano como Uma das grandes forças criativas do jazz actual e justifica-se assim, a propósito deste cd:
Em "Folk Art", o 22º álbum que grava para a Blue Note, Joe Lovano reúne uma formação pouco usual e surpreende com um som que se afasta das grandes produções de anos recentes como "Viva Caruso", "Streams of Expression" ou "Symphonica", evocando os primeiros anos da sua carreira e registos mais directos como "Landmarks" ou "Universal Language".

Gravado com piano (James Weidman), contrabaixo (Esperanza Spalding) e duas baterias (Otis Brown III e Francisco Mela), "Folk Art" combina a mestria harmónica de Lovano com uma desenvoltura rítmica que há muito não lhe ouvíamos. Weidman, membro do colectivo M-Base de Steve Coleman, toca com um foco e contenção notáveis, utilizando harmonias abertas que libertam espaço para os voos criativos de Lovano, numa música que respira, de novo, risco. Outra das surpresas é a forma natural como se integra o contrabaixo de Esperanza Spalding. Com apenas 24 anos, Spalding é considerada uma menina-prodígio do jazz, tendo alcançado uma projecção mais característica de cantoras pop.

No entanto, surge sem afectações, tocando com enorme segurança e personalidade, constituindo-se como um dos elementos-chave da gravação. Lovano utiliza as duas baterias de forma subtil, não se sentindo qualquer tipo de "confronto" entre elas, apesar de tocarem juntas em diversas ocasiões ao longo do disco. Utilizando saxofone tenor e alto, o duplo soprano (aulochrome), clarinete e tarogato, Lovano está quase sempre no centro da gravação e joga com intensidades e movimentos melódicos, aproveitando cada pequeno detalhe do excelente acompanhamento rítmico. Ouça-se o seu solo em "Us five", e a forma como responde ao incitamento das linhas de Spalding. Em "Dibango", sob o signo funky de Manu Dibango, Lovano entrega-se ao peculiar universo sonoro do duplo-soprano, e mergulha fundo no "groove". A fechar o álbum, "Ettenro", um dos temas mais experimentais do disco, em que Lovano parece querer reafirmar-se como uma das grandes forças criativas do jazz actual.
escrito por ai.valhamedeus

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