Para não esquecer...

SÓCRATES COM JUDITE DE SOUSA

Foi de forma comovida que assisti à entrevista de Sócrates à Judite de Sousa, anteontem, na RTP. Em primeiro lugar vi e ouvi através do MEO-cabo e não existe sincronia entre a voz e o movimento dos lábios
(se não fosse a Benfica TV e a net já tinha mandado dar uma volta à MEO).
Parece, de todo, uma telenovela brasileira. Depois o conteúdo foi brilhante. Sobretudo a passagem dos professores. Aí o homem esmerou-se. Acha que o governo não soube explicar bem as políticas aos professores
(com explicadores destes, pudera...).
Isto é, a política estava certa, a explicação é que estava mal.

Já o disse e volto a dizer. Sócrates, ao chegar ao poder, vinha com um objectivo inabalável: controlar o défice. O défice, segundo sei, controla-se aumentando a receita ou/e diminuindo a despesa. O aumento da receita, fê-lo aumentando o IVA e outros impostos e/ou a produção. Diminuir a despesa através de despedimentos ou redução real dos salários dos funcionários públicos
(e da despesa pública, em geral).
A avaliação dos professores foi uma forma que ele teve de reduzir a despesa de forma estrutural, introduzindo de forma desastrosa a avaliação dos professores, medida que, à partida, não teria a oposição do resto da sociedade e parte dos professores se não fosse o que foi: uma medida mal estudada, escudada numa maioria absoluta que pretendeu atacar os professores, desnecessariamente. Este governo teve a suprema glória de pôr 80% dos professores na rua em protesto contra estas medidas. E vem agora dizer que as medidas contra os professores não foram aceites porque não foram bem explicadas...

Sócrates nem ousou falar, nem Judite de Sousa para aí foi, da agricultura -- que, num processo que se iniciou com Cavaco, se tem vindo a degradar, tendo como expoente dessa política o total desprezo do Sr. Ministro.

A justiça é um descalabro. O ministro não existe. E a justiça também não. As medidas tomadas resumiram-se ao aumento desmesurado das custas no acesso à justiça
(que é uma forma de denegar a justiça),
à manutenção de uma situação insustentável. Para ter acesso à mera sentença de um caso de contra-ordenação, esperei mais de um ano. Ao requerimento de reabertura de audiência para aplicação de lei mais favorável num processo-crime, espero há largos meses, uma vez que os funcionários não conseguem dar vazão ao trabalho. E muitos exemplos poderia dar. Como o de, há quatro meses, ver chegar ao fim um processo de 1982!!!

Sócrates tem vindo a ter uma ajuda preciosa de Manuela Ferreira Leite. Não sei se chega...

escrito por Carlos M. E. Lopes

3 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Os professores não precisam que lhes expliquem, sabem muito bem interpretar os sinais. E, sobretudo, sentiram na pele as medidas da verborreia normativa.
Gabriela

Arlindo Almeida (Arlindogarden) disse...

Mas o quê ? Ainda há quem não concorde que todos nós, e em especial os que auferem salários do Estado (os nossos impostos) não devem ser avaliados pelo seu desempenho ?
Isso é tão natural que me espanta, que haja que coloque objecções ...

Anónimo disse...

Esteja descansado que os profes pagam-se a si próprios. Pertencem ao grupo dos funcionários públicos, onde ninguém foge aos impostos.
Gabriela

P.S. Quanto à cantilena da avaliação, já demos para esse peditório. Até o Sr. 1º Ministro já nos vem dar razão. Se é que está a par do que se passa e não "emprenha pelos ouvidos".
Eu sei que ele quer os nossos votos, mas a razão está do nosso lado