Cá por mim não me importava. O Zapatero até é mais bonito do que o Sócrates!
Mas ouçamos o que diz Gabriel Magalhães, que viveu no País Basco e na Galiza, e que é actualmente professor na Universidade da Beira Interior. Segundo ele,
o espanhol não tem ideia muito clara do que é ser português. Alguns deles imaginam-nos como um povo de selvagens; uma tribo amazónica que decidiu morar na Península. Quando eu era pequeno, nos anos 70 do século passado, os meus colegas castelhanos perguntavam-me se, em Portugal, havia automóveis.
(Tal pergunta, em minha opinião, não revela que nós sejamos, ou antes, fôssemos trogloditas. Revela, outrossim, a ignorância de nuestros hermanos.)
… Isto está a mudar, felizmente…. Existe de facto uma particular consciência peninsular nas zonas fronteiriças. Isso é muito visível na Universidade onde lecciono, a Universidade da Beira Interior, sempre muito empenhada neste terreno. Por outro lado, a Extremadura espanhola tem feito nesta área um grande trabalho. No fundo, estão a reconstruir a Lusitânia romana. Como é sabido, esta província do império tinha a sua capital naquilo que é hoje a cidade espanhola de Mérida
(a propósito, já visitaram as ruínas e assistiram a um espectáculo de música clássica, ou a uma ópera no anfiteatro romano?)
e um território que abrangia uma parte do actual Portugal e uma parte da actual Espanha.
(Bolas, lá vão conquistar-nos outra vez. Não se ficam pela fruta, que até é mais ácida e azeda…)
Vale, todavia, a pena atentar na resposta do nosso conterrâneo à pergunta da jornalista: Ainda temos de vencer preconceitos mútuos?
Sem dúvida. Falar de Portugal em Espanha, ou de Espanha em Portugal, é uma actividade perigosa. Sobretudo se uma pessoa não envereda pelo discurso mais “patrioteiro” ou pela verbosidade amável, por vezes “iberista”, da política… O nacionalista português possui um perfil curioso: anda caladinho pelos cafés, mas, quando se enerva, é capaz dos maiores dislates. Os fundamentalistas castelhanos são personagens também radicais, com a diferença curiosa de que existem em forma de dislate logo à partida. Estamos muito mais perto do Afeganistão do que pensamos. A Península tem por dentro um “aquelarre” de intolerância que nos pode apanhar em qualquer momento. Foram pessoas dos nossos países ibéricos que fuzilaram o Garcia Lorca. Que queimaram o António José da Silva. Não devemos esquecer nunca o touro bravo que subjaz à Ibéria.
Mas há outro nacionalismo, talvez mais perigoso… Refiro-me ao “economicismo”, que é uma espécie de nacionalismo global, cujo território é o dinheiro em circulação entre os países.
(sim eram, na esmagadora maioria, mulheres)
P.S. Com um abraço para a Maria José, iberista convicta.
escrito por Gabriela Correia, Faro
6 comentário(s). Ler/reagir:
Espanha, no me gusta!
Exceptuo a Galiza e as Astúrias.
Bem sei que são preconceitos cimentados desde o tempo da Primária, mas a realidade também mostra que as cabeças castelhanas continuam a pensar-nos "imperialisticamente".
E depois, 5 horas para a atravessar até chegar às terras de Astérix, é quase um pesadelo, tipo muro de Berlim...:-))
Porque sou raiano, sempre diferenciei fronteira de raia
Fronteira = linha divisória
Raia = região, espaço de um e outro lado da fronteira
Nesse espaço incluo Sabugal (Quadrazais, Souto, Alfaiates, Aldeia da Ponte, Navr de Haver) e Valverde del Fresno, Navas Frias, Casillas de Flores, La Alberdaria, Duentes, etc.
O mesmo espaço geográfico, o mesmo povo, a mesma cultura, a mesma história.
Não fora o D. Dinis e ainda hoje estaríamos do outro lado.
Por isso sou iberista para os espaços raianos mas nacionalista para o resto do território.
Mil vezes lusitano (a Estremadura espanhola, também é lusitana) a castelhano
E vivam as mulheres raianas
zapatero / sócrates
sócrates / zapatero
sapateiro / bufarinheiro
bufarinheiro / sapateiro
sò falta o Hugo Chaves para os musicar
E nem dúvidas tenho como rimaria os 2 últimos motes
Achas o Tamanqueiro bonito?
Ó Garbiela, com fraqueza!!!!
E o Sócrates?
Com aquele sorriso amaricado, poderá ser bonito para um seu camarada, agora para um mulher, mulher com M grande?
Ó Grabiela, com franqueza...
Os espanhóis só precisam dos portugueses para comprarem os seus produtos. E que mais? Os portugueses nunca tiveram nada para lhes darem (deixem de brincar ao Condestável do reino).
Os portugueses defendem Portugal com a boca escancarada e as mãos nos produtos espanhóis do LIDL, da Repsol, do Santander...
Quem não tenha pecado, atire a primeira pedra...
Vitor m, o argumento das 5 horas para atravessar Espanha touxe-me à memória uma estória verdadeira. Uma vez (quando a travessia custava 10 horas)esse argumento salvou-me de boa... numa esquadra.
Disse então em minha defesa: «Para mim a Espanha é um caminho por onde eu tenho que passar para chegar à Holanda. Se em vez de um carro tivesse um avião, não estaria agora aqui a ser massacrado só porque há pessoas que se julgam donos absolutos desse caminho».
Por sorte, o meu interlocutor era bom tipo ou era inteligente. Safei-me.
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