O jornal espanhol Público do passado 18 de Setembro publicou a 2ª parte de um texto sobre crimes de honra: "na Índia, Jordânia, Gaza ou Iraque, a história é sempre a mesma: mulheres assassinadas por se apaixonarem ou após terem sido vítimas de abusos sexuais".
A lista dos casos apresentados é enorme: em 2003, numa única província do Irão foram assassinadas 45 mulheres em dois meses. Em Basora, em 2008, a polícia informou que estavam a ser assassinadas 15 mulheres por mês por infringirem o "código de vestir islâmico".Em Tikrit, uma jovem reclusa enviou uma carta ao irmão contando que estava grávida após ter sido violada por um carcereiro; o irmão pediu autorização para a visitar e matou-a com um tiro, para evitar a desonra à sua família. Durante séculos, na Turquia, as provas de virgindade antes do casamento foram consideradas parte da tradição normal; quando, em 1998, 5 moças tentaram suicidar-se antes das provas, o ministro dos Assuntos Familiares turco defendeu os exames médicos obrigatórios. Um comandante taliban açoitou 100 vezes uma viuva grávida e deu-lhe um tiro na cabeça...
Estes são apenas alguns dos muitos exemplos apresentados
["Talvez a história nunca chegue a revelar quantas centenas de mulheres (e de homens) sofreram o mesmo destino, às mãos dos talibãs o de famílias em aldeias profundamente vinculadas às tradições"].Coisa de muçulmanos! -- dirá o leitor apressado. Mas na Jordânia, segundo as organizações de mulheres, a minoria cristã de pouco mais de cinco milhões de pessoas está implicada em mais assassinatos de honra per capita do que os muçulmanos (com frequência, devido a que as mulheres cristãs querem casar com homens muçulmanos)
[os crimes de honra ocorrem em todas as religiões, diz Rana Husseini, activista jordana dos direitos humanos e jornalista].
Mas a Sctoland Yard admitiu, há já algum tempo, que teria que rever mais de uma centena de mortes, algumas ocorridas há mais de uma década, pois agora pareciam ter sido assassinatos de honra.
Mas, na aldeia em que fui menino e moço, dizia-se que a honra se lava com sangue. Dizia-se e ainda se não deixou de dizer. E, do pouco que conheço em Portugal, não apenas na aldeia em que fui menino e moço.
escrito por ai.valhamedeus
1 comentário(s). Ler/reagir:
Mas essa honra é unilateral. Só atinge as mulheres! Por que será?
Ontem, numa reportagem sobre ciganos, dizia-se que os homens podem casar fora da etnia cigana, desde que a noiva aceite as normas da comunidade. As mulheres estão proibidas de casar com homens que não sejam ciganos. Tout court! E uma mulher cigana, ainda nova, clamava, radiante, perante as câmaras da entrevista: a noiva estava linda e a prova de virgindade foi feita segundo as regras.
Isso e tudo o resto, como o corte do clítoris nas mulheres africanas, é uma parte da barbárie.
E depois chamem-me feminista...
Gabriela
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