Para não esquecer...

A CRISE

Parafraseando o senhor engenheiro Álvaro de Campos

A CRISE

Ai, Senhor Engenheiro,
Se eu lhe der o meu dinheiro,
O que vai fazer com ele?

-- Aumento o leite e o pão
Compro carne para canhão
E dou aos bancos, coitados.

Mas, Senhor Engenheiro, assim,
Com a vida tão ruim
E os filhos desempregados
Como pode um cidadão
Desfazer-se do dinheiro
Mesmo para bem da Nação?

-- Eu lhe digo, com efeito,
É muito simples, porém.
Tira-se tudo de uma vez
Encolhe-se o fim do mês
Põe-se uma parte no banco
E dá-se aos filhos da mãe.

Ó, Engenheiro, e depois
Como vou pagar a casa
E dar conta na botica
Dos remédios do doutor?
-- Ora, não se entristeça,
Corra todos os dias
Uma horita pela manhã
Não dê cabo da cabeça
Verá que em menos de nada
Já a crise cá não está.
[Escrito por funcionário público, à espera do PEC IV]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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