Ai, Margarida,
[Comunicado pelo Engenheiro Naval Sr. Álvaro de Campos em estado de inconsciência alcoólica].
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
— Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
— (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
— Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
escrito por Carlos M. E. Lopes
hoje é sábado 107 AI, MARGARIDA
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentário(s). Ler/reagir:
Enviar um comentário