Para não esquecer...

DA (IN)UTILIDADE

Ao domingo a cidade sobra de espaços
para os dias inútéis dos donos
dos carros úteis
aos dias inútéis.

Porém, a disponibilidade dos espaços
torna exíguo o ar,
empurrado pelo monstro da inutilidade
dos dias que não são úteis.
Quando o comércio fecha
para o descanso semanal
do pessoal útil,
que preenche os espaços
reservados aos dias úteis.

Ansiando pelo tédio dos dias inúteis
que antecedem, com brevidade,
a semana vindoura da utilidade.
Acabando, assim, com o bocejo da inutilidade.

Graças a Deus que este
é um fútil e glorioso dia inútil.
[Gabriela Correia. Faro, domingo, 26 de junho 2011]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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