Para não esquecer...

MIGUEL PORTAS


Seria o ano de 87. Tinha convidado Baptista-Bastos para apresentar o seu livro Colina de Cristal. Julgo que teria saído na editora do Jornal. No dia combinado, Baptista Bastos havia-se esquecido. Tinha ido à Alemanha na comitiva de Soares e andava atarantado à procura das malas. A mulher, a Isaura, dizia-o para Belém. Fui para Lisboa, perto do Limoeiro, nas Portas do Sol, e esperei que Baptista Bastos subisse de Alfama, onde vivia na altura. Viemos para Tavira. Nessa altura, ir e vir a Lisboa, de seguida, não era pêra doce. Só o espírito de militância permitia tais loucuras.

Fez-se a apresentação do livro e, depois, fomos a Santa Luzia, para a tasca do Nuno, comer uns chocos fritos com tinta. A língua solta-se e, às tantas, um tipo que estava frente ao Baptista Bastos interroga-o. Trata-o por tu. O Baptista Bastos discretamente pergunta-me: quem é? Não conhece? É o irmão do Paulo Portas, o Miguel.

escrito por Carlos M. E. Lopes

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Mais uma vida "ceifada na flor da idade", e numa data que lhes era tão cara!
Gabriela