P: Conte-nos os seus planos para o Verão de 1994.
R: O Forte de Cabanas, dos meus generosíssimos amigos Teresa e António Baião do Nascimento.P: O que é para si o final de tarde perfeito de um dia muito quente?
R: A preguiça, o tinir do gelo nos copos, as cores da areia, do mar e do céus vistos das muralhas do Forte de Cabanas. Os amigos à volta. A chegada do primeiro mocho da noite.P: A artista brasileira Cristiane Torloni, depois de regressar ao Brasil, afirmou ao jornal "Globo": "Santana Lopes faz política barata (...). Em Portugal não se pode sonhar e agora entendo o índice de viciados em heroína." Quer comentar?
R: Consta que o meu amigo arquitecto Manuel Vicente, há muitos anos de poiso em Macau, diz o seguinte das hordas de amigos e conhecidos que, por lá passando, se abeiram e instalam em sua casa:
"Comem-nos a carne assada
bebem-nos a aguardente
cagam-nos a casa toda
e ainda vão dizer mal da gente."P: Há uma geração rasca em Portugal? E, se existe, como se comporta essa geração quando o calor aperta?
R: Há. Têm entre 35 e 55 anos e. quando o calor aperta, prometem-nos mais fundos.P: Do Minho ao Algarve, escolha a praia que privatizaria só para si, para a sua família e para os seus amigos.
R: Cabanas.P: Conhece o Alentejo profundo? E o Pulo do Lobo? E então?
R: Não. Não. Então é assim, não conheço.P: O que é que a irrita profundamente?
R: O Cavaquistão.P: Descreva-nos o seu dia ideal de férias. Praia ou campo? Ou cidade?
R: O mar. Tudo o que tenha a ver com o mar, no mar, ao pé do mar.P: Na costa portuguesa recomende-nos um restaurante à beira-mar para um jantar de arromba. Recomende e justifique.
R: O Capelo, em Santa Luzia. As amêijoas, os linguados, as escamas, as conchas todas do mar.P: Há 20 anos, vivia-se o primeiro Verão pós-25 de Abril. Lembra-se como e onde o passou? E com quem? E quais eram as suas preocupações?
R: Entre Lisboa e Olhos de Água. Com a tribo de sempre. Mais o major Vítor Alves, ministro sem pasta, com quem fui trabalhar em Julho. Que o MFA ganhasse em todas as frentes. Que o fim da guerra colonial e a independência das colónias fossem sem recuo.[citações de "entrevista" de Maria João Seixas ao Público de 9/jul/1994. Negritos meus]
escrito por ai.valhamedeus
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