Para não esquecer...

hoje é sábado 184. GLAUCO E DIOMEDES

Assim como na noite o dia se contém
e o sol ao fim da trajectória em lua se resolve
assim emerge o homem dessa mesma terra mãe
que o há-de receber com mãos de quem absolve

Assim de dia em dia assim de longe em longe vem,
como mar que onda a onda se dissolve
na praia do início, a dúvida que alguém
sobre si mesmo tem e todo se resolve

Assim a noite, assim o mar também
a se alguém nasce doutrem e se um filho
começa pela mãe, assim do filho a mãe
renasce, assim redondo sai o trilho

E por maior cadáver que na carne leve
a ave retransmite à ave tudo quanto vive
[Ruy Belo, Todos os Poemas I, Assírio e Alvim, Lisboa, 2004, 2ª edição (1ª edição 2000), pág. 196]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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