Para não esquecer...

RELVAS E A ÉTICA POLÍTICA

Sempre que a Ordem dos Advogados me convida para exames de agregação, é certo e sabido que, no final, coloco sempre esta hipótese:

o candidato está numa esplanada onde, noutra mesa, se encontra um indivíduo sentado que, tal como o candidato, está sozinho. De súbito, aproxima-se um homem que se dirige apressado para o indivíduo e começa a agredi-lo com pontapés e bofetadas. O candidato foi a única testemunha ou, pelo menos, a que viu tudo de forma clara e sem equívocos. O agredido dá o sue nome como testemunha no inquérito que se lhe segue. O agressor procura-o para que seja seu advogado. Que faz? 
De dezenas de candidatos a quem tenho feito a pergunta, só dois me responderam que pediam escusa como advogado. Os outros defendiam que se recusavam testemunhar por ser incompatível, justificando que era advogado e, por isso, não podia revelar segredo -- ou até qualquer coisa mais ridícula ainda.



Ao ministro Relvas e a quase todos os políticos, nunca passa pela cabeça demitirem-se quando surge qualquer dúvida sobre o seu comportamento. Segundo diz o Público, Relvas teria ameaçado revelar as relações íntimas que uma jornalista teria com uma figura proeminente da oposição, numa tentativa de calar a investigação em curso sobre a relação de Relvas com o chefe das secretas. Relvas fez pressão sobre a jornalista e achou que, revelando as relações da jornalista com a oposição, seria ameaça suficiente. Diga-se que ter relações íntimas com alguém que eu presumo do PS é motivo para encher de vergonha quem quer que seja. Mas fica mal a um ministro divulgá-lo...

Há meses, descobriu-se que um ministro de Sua Majestade, há anos, teria feito passar um amigo por condutor, quando ele próprio estaria embriagado. Demitiu-se.

Em Portugal, não. Resiste-se, esbraceja-se, encoleriza-se mas... demitir-se? nunca!

Alguém dirá que o ministro Relvas é um mau actor e está a prestar um mau serviço ao próprio partido e ao país? Porca miséria!...

escrito por Carlos M. E. Lopes

1 comentário(s). Ler/reagir:

Ilda Ribeiro disse...

Nunca percebo o que a vida pessoal de cada um tem que ser chamada para estas coisas, o mal não está na vida pessoal, está no mau profissionalismo, tenham lá a vida pessoal que quiserem que tanto me faz, mas sejam bons profissionais na politica e em tudo. Ganhar como politico deve de ser melhor que o prestigio, já que prestigio poucos ficam com ele, "borram sempre a pintura" e o poder... parece que mandam pouco, a economia os banqueiros, os empresários ditam.....portanto o que os agarra lá ou é o dinheiro na altura ou o que provém depois....isto ou dá uma volta grande ou temos uma democracia só para podermos falar.....depois o resto só em sonhos.....