O braço que falta ao mendigo é que o sustenta
É ele que na sombra mexe os cordelinhos
De milhões misteriosos de dedinhos
Com que o mendigo se coça e se alimenta.
O cego que toca violino na esquina
Da Rua de Santa Teresa e da Galeria de Paris
Entre o cego e a música o braço se coloca,
tão célere que o cego não entende
dos braços da música que toca
qual o que o abraça qual o que ele estende.
[PINA, Manuel António. Todas as palavras: poesia reunida. [sl]: Assírio & Alvim, 2012, pág. 45].
escrito por Carlos M. E. Lopes
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