Para não esquecer...

hoje é sábado 202. A MULHER DESCONHECIDA

É muito bela esta mulher deconhecida
que me olha longamente
e repetidas vezes se interessa
pelo meu nome

eu não sei
mas nos curtos instantes de uma manhã
ela percorreu ásperas florestas
estações mais longas que as nossas
a imposição temível do que
desaparece

e se pergunta tanats vezes o meu nome
é porque no corpo que pensa
aquela luta arcaica, desmedida se cravou:
um esquecimento magnífico
repara a ferida irreparável
do doce amor
[MENDONÇA, José Tolentino. A Noite Abre Meus Olhos (poesia reunida), Assírio & Alvim, Lisboa, 2010, 2ª edição, (1ª edição Julho de 2006), pág. 105)

escrito por Carlos M. E. Lopes

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