Para não esquecer...

EX-CITAÇÕES * 131. oportunidades e omissões do Estado mínimo

Foi em 1955 que, num artigo que ficaria célebre -- the role of government in education --  Milton Friedman articulou pela primeira vez, em linguagem de economista, o discurso de privatização, na forma da defesa do voucher ou cheque-educação.

(…) MARCA LIBERDADE DE ENSINO

Mas o mesmo já não se passa com todos os que estão in it-just for the Money, como se diz na canção. Com esses, mais ou menos religião ou liberdade de aprender e de ensinar, é só uma questão de oportunidade: se a marca vende, porque não?

De tal forma que são cada vez mais raros os que praticam a adesão intelectual a uma doutrina, substituídos por uns bem mais pragmáticos académicos prêt-à-porter : desses que admitem qualquer coisa, desde que não muito empenhada, coerente ou persistentemente. Mesmo que provenham da Universidade Católica, tornada popularmente, nolens volens, uma espécie de emblema da velha ortodoxia goldman sachs no domínio da ciência económica.

O jogo que se avizinha envolve, ademais, um género de parceiros que encontraremos em todas as privatizações que o poder do dia ensaiar: políticos profissionais, com assento em parlamentos e autarquias, legisladores interessados, banqueiros inventores de “produtos” para a educação: desde programas de endividamento para a vida, propostos a licenciandos e mestrandos, até, por que não, “planos de resgate” de escolas públicas, em que se trocará o valor do terreno mais edifícios por todos os servos da gleba que lá exerçam, na condição de se poder modificar, a bel-prazer, os termos da servidão e, mais tarde, mas não muito mais, determinar o encerramento por mudança de ramo, deixando ao Estado a incumbência de criar uma oferta residual adequada. Porque disto os privatizadores nunca se esquecerão: o Estado tem de ficar com o que a iniciativa empreendedora não quer: os pobres e as dívidas.
[João Santos – ESCREVER NAS MARGENS]

escrito por Gabriela Correia, Faro

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

É espantosa a visão dos nossos governantes e as suas ideias avant la léttre: de 1955 até agora vão quantos anos? É só fazer as contas...
Zé do Telhado