Para não esquecer...

hoje é sábado 224. DE PROFUNDIS

Faltam aos planos das cidades
esfinges aladas
palmas fora de tempo, matagais
pequenos acrescentos a vermelho
 
Faltam atlas com algum detalhe
para as emissões nocturnas
nos agudos da nossa incerteza
falta uma beleza
a olhar por nós
indiscernível, entreaberta ainda
 
Talvez a nós próprios falte
essa grande medida
insondáveis cordas na travessia
uma juventude que o mundo possa
documentar
 
os teus olhos são o que resta
dos livros sagrados
e da grande pintura perdida
[MENDONÇA, José Tolentino de, O Viajante Sen sono, Assírrio & Alvim, Lisboa, 2009. pág. 31]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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