Para não esquecer...

DO CONTRA [100] o reino das perguntas retóricas


A Igreja Católica é, por "natureza", uma organização não democrática (são-no todas as organizações religiosas?). Digo "por natureza" porque, se fosse democrática, deixaria de ser o que é. Digo "não democrática" porque o "povo"
[as ovelhas do rebanho, para utilizar uma designação oficial, muito... singificativa]
não tem qualquer papel na escolha dos dirigentes ou na determinação das verdades de fé; limita-se a ouvir pregações de verdades superiormente formuladas e passivamente aceites
(incluindo, no limite, as verdades indiscutíveis, ainda que incompreensíveis -- os dogmas, como é o caso do da Santíssima Trindade).

Esta é a razão principal por que não me junto ao coro dos que incensam Sua Santidade o Papa atual -- e por que me rio do seu inquérito aos fiéis sobre temas como a homossexualidade e o casamento gay. Se dúvidas houvesse de que se trata de um simulacro de democracia, elas são anuladas pela recente carta pastoral (que se configura como guião de respostas ao referido inquérito) da autoria dos bispos portugueses. Esse guião baliza doutrinalmente os limites das respostas dos fiéis: segundo os bispos, "nunca um ou mais pais podem substituir uma mãe, e nunca uma ou mais mães podem substituir um pai"; está dito, portanto, o que os católicos portugueses devem responder a Sua Santidade.

Nada disto surpreende quem já participou em rituais como os que envolvem o batismo (ou o matrimónio), onde o "ministro de Deus" pergunta(va) O que vindes pedir a Deus? e logo acrescenta Respondei "a fé".

Nada disto surpreende quem conhece esta instituição onde não se discutem ideias -- apenas se ouvem sermões -- e onde os catecismos não são coisa do passado.

escrito por ai.valhamedeus

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