No livro sobre o 25 de abril, o dia inicial, Otelo vem esclarecer
(coisa que já havia feito inúmeras vezes)que o Jaime Neves
(esse mesmo, o comando temível e anti esquerda militante)se tinha recusado a ir para a sede da polícia política, sem adiantar justificações. Assim como havia falhado o controlo da sede no Porto.
Parece-me que, do ponto de vista militar, a sede da DGS não era um alvo importante. Que meios tinham eles para oferecer resistência? Já a tentativa de “recuperar” a DGS para a colocar ao serviço do novo regime, se houve tal intento, ele foi manifestamente destruído pela atitude do povo que obrigou o movimento militar a ter de a desmantelar.
O livro de Otelo foi publicado em 2011 e deu tempo a burilar algumas espontaneidades existentes nos livros do Otelo
(de resto, este expressamente auxiliado).Mas uma das coisas que impressiona no livro é a fragilidade de tudo aquilo. Meia dúzia de homens aqui, uma dúzia ali e temos o país parado sem uma resistência digna desse nome. Conheço o furriel Alexandre que veio de Santarém e parou na rotunda do Campo Grande, no vermelho dos semáforos. Ninguém sabia ao que vinha e toda a gente se conformou. O 25 de abril foi um suave milagre. Mas já o 5 de outubro o tinha sido. No dia 5 de outubro dá-se a proclamação da República e, no dia 6, Zacarias Guerreiro embarca em Tavira no comboio para tomar posse como governador civil em Faro.
Este livro do Otelo é um bom auxiliar para compreender o 25 de abril militar e ter a ideia como isto (não) funcionava. A ler.
escrito por Carlos M. E. Lopes
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