Para não esquecer...

LEIT(e)URAS [55] o estrangeiro


Meursault é uma pessoa estranha a quem o mundo é indiferente, e, como diz Sartre, “este homem lúcido, indiferente, taciturno…” não reage como o comum dos mortais perante os factos: a morte da mãe, matar um homem, ser julgado, fazer amor. Antes com uma indiferença que é também serenidade. Daí ser um estranho, estrangeiro aos olhos dos que o rodeiam. Meursault é condenado à morte por ter matado um homem, mas é-o sobretudo por ter demonstrado indiferença perante a morte da mãe. Mais do que o ato de ter disparado e matado um homem, a personagem é condenada por não ter reagido à morte da mãe com o sentimento com que as pessoas normais reagiriam.

Camus leva-nos a refletir face aos clichés e às nossas reações “normais” face aos factos. É um livro que trata a vida com secura, trata do absurdo da vida. Tema que o próprio Camus desenvolve em O mito de Sísifo.

Segundo alguns, logo a entrada, “Aujourd’hui, Maman est morte´´, é elucidativa do romance, marca a indiferença da personagem e constitui uma das entradas mais famosas da literatura francesa.

Ler este livro (e reler agora), deu-me imenso gozo e julgo que é um dos livros de leitura obrigatória.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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