Para não esquecer...

LEIT(e)URAS [56] viagem ao fundo da noite


Jorge Luís Borges tem sido citado e abundantemente citado, como um autor e um homem de direita. Vasculhando a net, encontrei algumas pérolas do senhor. Por exemplo:
A democracia é uma coisa que não existe, uma superstição do homem que pensa que é livre. Por isso eu sou favorável aos regimes militares, duros; eu estive na Guerra Civil Espanhola, ao lado dos republicanos, mas logo percebi que Franco era merecedor de todos os meus elogios...; Se não existissem negros, a história do mundo não mudaria em nada. Uma raça que só sabe viver da imitação das coisas dos homens brancos. 
Chega? Chega. Mas é um bom escritor.

Outro há, Céline, que também se arrima a esta visão do mundo mas que escreveu um livro, Viagem ao Fundo da Noite, que é um dos livros de todos os tempos.

Conta Jorge Listopad que, vivendo nos arredores de Paris e tendo precisado de um médico por causa de uma sua filha doente, foi bater à porta de Louis-Ferdinand Céline, médico, que lhe disse não poder ir ver a filha porque não tinha com quem deixar os cães… A acusação de ter traído a França e a sua fama (e proveito) de anti-semita contribuiu para ser votado a um certo ostracismo em França, mas a sua obra é de uma crueza e desencanto extraordinários. Lembro uma passagem em que ele diz, enquanto médico, “quando levo dinheiro a um pobre sinto-me ladrão; quando levo a um rico, sinto-me lacaio”.

O estilo e a visão desencantada do mundo tornam Viagem ao Fundo da Noite um dos livros mais extraordinários que li.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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