Para não esquecer...

ILUSTRAÇÕES... DE UM OUTRO SENTIR * 15



JUNTO ÀS MARGENS DE UM RIO 

Junto às margens de um rio docemente
Com meus suspiros altercando,
A viva apreensão ia pintando
Passadas glórias no cristal luzente. 
Mas quando nesta ideia mais contente
O coração se estava recreando,
Despenhou-se do peito o gosto brando,
Envolto com a rápida corrente. 

Lá vão parar meus gostos no Oceano, 
Ficando inanimado o peito frio,
Que o recreio buscou só por seu dano. 

Acabou-se o contente desvario,
E meus olhos saudosos do engano
Quase querem formar um novo rio.
[Maria Teresa Horta, in As Luzes de Leonor]

foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Bonito o poema. E o livro da Maria Teresa é notável. Não admira que lhe tenha levado 13 anos a pesquisar e a escrever.
O Rodrigues escreve em 15 dias, estão a ver, não é?
Mas ele é que vende. Podem tirar-se muitas conclusões deste desconchavo. Cada um tire as suas.
Porém os prémios é que contam; pelo menos alguns, e ela recebeu há pouco tempo um, que não aceitou que lhe fosse entregue por alguém que tem causado tanto sofrimento ao povo português. Grande mulher!
Gabriela